Madeira

Lagoa do Santo nunca mais irá encher ao nível da impermeabilização

Albuquerque reconhece “problema estrutural” na obra que diz não ser do seu tempo

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Apesar de ter sido coberta por tela impermeabilizante até 23 metros de altura, a lagoa do Santo da Serra “não vai encher nunca”, assume a secretária regional de Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas, Susana Prada, devido a “um problema estrutural”, complementa o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque.

Os dois governantes foram hoje confrontados com o recorrente constrangimento que afecta a lagoa do ‘Santo’, conforme é notícia na edição impressa desta quinta-feira, dia 19, do DIÁRIO, e Albuquerque foi directo em reconhecer que a lagoa padece de forte limitação que a impede de encher a menos de metade da capacidade máxima que dá garantias de segurança – até mestros de altura -, mas apressou-se a clarificar que as obras levadas a cabo do referido ‘reservatório’ de água “não é do meu tempo”, sacudindo assim as responsabilidades para o seu antecessor. Apenas justifica a inspecção que anualmente é sujeita no Outono/Inverno com a necessidade de querer “melhorar” o estado da mesma. Em contrapartida aponta o bom exemplo do Campo de Golfe do Santo da Serra, agora com “duas lagoas no sentido de evitar estes desperdícios”.

Nos últimos anos a mesma realidade repete-se em pleno Inverno. O estado em que se encontra a Lagoa do Santo da Serra, resulta da inspecção a que é sujeita depois de esvaziar durante a Primavera/Verão. Os trabalhos de manutenção, que acabam por só serem realizados no Outono/Inverno, implicam manter ‘no fundo’ o volume de água nos primeiros meses de maior precipitação, como prova a realidade actual.

Por seu turno, Susana Prada, minimiza a realidade que anualmente ocorre por esta altura na lagoa do ‘Santo’.

“A lagoa do Santo da Serra enche entre Fevereiro e Abril e, a partir de Maio, está cheia, os 10 metros que nós consideramos o limite que ela poderia em segurança armazenar. Até Setembro/Outubro é a época de rega, ela esvazia naturalmente. Depois é submetida, todos os anos, a uma inspecção, o que também é normal. As infra-estruturas têm que ser inspeccionadas todos os anos, [e a lagoa do Santo] é inspeccionada de Outubro a Dezembro/Janeiro, para o caso de haver alguma tela que esteja descolada, ser reabilitada, ser recuperada e voltar a encher. Todos os anos é a mesma coisa e é natural ela estar vazia nesta época”, sustentou a governante.

E as outras lagoas [de armazenamento de água] são inspeccionadas todos os anos? “Com certeza que sim. Todas”. São esvaziadas ou quase para permitir essa inspecção? “Então, a lagoa armazena no Inverno para esvaziar no Verão. É normal”, respondeu.

Insistiu que “elas (lagoas) enchem até Abril com a precipitação de fim de Janeiro, Fevereiro, Março e Abril. Nunca ouviu dizer: Abril águas mil?”, questionou. Lembramos que nem sempre chove de forma significativa nos meses em causa. Susana Prada revelou a razão de estar confiante que este ano não será excepção. “Tivemos cinco anos de seca, entre 2015 e [20]20, tivemos cinco anos com precipitação bem abaixo da precipitação média e mesmo nesses anos a lagoa [do Santo] encheu”, ripostou.