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Projecto recorre a técnicas circenses para ajudar na inserção de jovens no Porto

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Foto: Facebook Erva Daninha

Um projeto da companhia Erva Daninha pretende contribuir, através de técnicas circenses, para a inserção profissional dos jovens institucionalizados no Centro Educativo Santo António, no Porto, foi hoje revelado.

O projeto, intitulado Q-CIRCO, visa contribuir, através do circo e das suas técnicas, para a inserção profissional dos jovens institucionalizados no Centro Educativo Santo António (CESA), no Porto, estabelecimento dependente da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, que acolhe jovens dos 12 aos 21 anos que, por decisão dos tribunais, executam medidas tutelares de internamento.

"Vamos tentar que o circo seja o abrir de uma porta, permitindo que estes jovens experimentem algo que nunca fizeram", afirmou à Lusa Vasco Gomes, diretor artístico da companhia Erva Daninha.

O objetivo não é criar "artistas de circo", mas proporcionar aos jovens novas ferramentas, como "confiança e o saber trabalhar em grupo".

"A questão do grupo é inerente ao circo, porque nada disto [técnicas] pode ser feito sozinho", salientou o diretor artístico, acrescentando que cada sessão, que se realiza uma vez por semana, dura cerca de uma hora e meia.

O projeto, que arrancou no final do ano passo e que se prolonga até 2025, abrange, neste momento, cerca de 16 jovens.

"Vamos sempre encerrar cada ciclo, por volta de julho, com uma apresentação programada pela Erva Daninha", acrescentou Vasco Gomes, dando nota de que o projeto é apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação "la Caixa" através da iniciativa PARTIS & Arts For Change.

Na sessão com os jovens do Centro Educativo Santo António, marcaram presença a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e a secretária de Estado para a Inclusão, Ana Sofia Antunes.

À margem da sessão, a ministra da Justiça salientou à Lusa que "este é o quinto centro educativo visitado no âmbito dos roteiros da justiça" e que o objetivo é "acompanhar o trabalho feito", fazendo, no terreno, um levantamento das necessidades.

"Temos andado a visitar [os centros] para fazer esse levantamento e falar diretamente com os jovens que estão ao cuidado da justiça para saber qual o sentir deles e as expectativas", afirmou Catarina Sarmento e Castro, destacando também a importância do contacto com os docentes e formadores.

Questionada sobre a falta de técnicos de reinserção, a ministra salientou que essa foi "uma necessidade identificada" e que a tutela "está a trabalhar" para a colmatar.

"No fundo, não se trata apenas de saber aqueles que fazem falta agora, trata-se de olhar para o passado e ver quantos é que entraram ao longo do tempo, quantos é que saíram e quantos é que programamos que possam vir a fazer falta", afirmou Catarina Sarmento e Castro.

À Lusa, a ministra adiantou que o concurso para o recrutamento de 200 oficiais de justiça foi hoje aberto.