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UE e Marrocos renovam parceria contra tráfico de seres humanos

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A União Europeia (UE) e Marrocos lançaram "uma parceria renovada" para combater redes de tráfico de seres humanos após a tragédia em Melilla, no norte de África, onde 23 migrantes morreram ao tentar entrar ilegalmente naquele enclave espanhol.

O acordo foi selado durante conversas em Rabat entre a comissária europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, o ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlaska, e o seu homólogo marroquino, Abdelouafi Laftit.

"Ao destacar os resultados convincentes da cooperação baseada na responsabilidade compartilhada no campo da migração, concordaram em renovar a parceria para lidar com redes de tráfico de pessoas, principalmente após o surgimento de novos 'modi operandi' extremamente violentos adotados por essas redes criminosas", pode ler-se num comunicado conjunto, citado pelas agências internacionais.

"A comissária e os ministros lamentam todas as mortes de pessoas que tentam imigrar irregularmente, incluindo as que ocorreram durante os últimos e dolorosos acontecimentos de 24 de junho de 2022", acrescenta o comunicado, referindo-se à recente tragédia em Melilla, que vitimou pelo menos 23 migrantes africanos que tentavam entrar no enclave espanhol no norte de Marrocos.

A visita das autoridades da UE e de Espanha à capital marroquina ocorre na sequência de uma tentativa de passagem de cerca de 2.000 imigrantes ilegais, a maioria sudaneses, para Melilla a partir do território marroquino.

"Estes acontecimentos, para além da sua dimensão de tragédia humana, demonstram o extremo perigo e violência das redes de tráfico de seres humanos que estão dispostas a correr todos os riscos", sublinha o mesmo comunicado conjunto, que saúda a "gestão migratória" de Marrocos.

Duas investigações estão em curso em Espanha, enquanto em Marrocos uma "missão de informação" foi aberta pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), havendo 65 migrantes que estão a ser processados naquele país do norte de África por "entrada ilegal em solo marroquino".

A nova parceria entre as autoridades europeias e Marrocos "pode abranger o apoio à gestão das fronteiras, o reforço da cooperação policial, incluindo investigações conjuntas, (...) bem como o reforço da cooperação com a UE", esclarece o comunicado.

Este novo drama migratório às portas da UE ocorreu depois de Madrid e Rabat terem normalizado as relações, em meados de março, após negociações diplomáticas que duraram quase um ano, sobre a questão do território disputado do Saara Ocidental.

Para Madrid, o principal objetivo desta normalização é garantir a "cooperação" de Marrocos no controlo da imigração ilegal.