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‘Habitação Solidária’ - um projecto pioneiro para pessoas sem abrigo

Estamos a menos de um mês da celebração do Dia da Cidade. Passaram-se já 514 anos desde a carta régia de Dom Manuel, de 21 de Agosto, e embora não tenha ainda feito um ano de mandato enquanto Presidente da Câmara Municipal do Funchal, altura em que, por regra, há sempre um balanço ao trabalho feito, quero aqui hoje, convosco, abordar a questão da segurança, porque a política, aquela que é realmente feita com coragem e proximidade, requer que tenhamos sempre a frontalidade de abordar os assuntos mais difíceis, sem subterfúgios nem metáforas, falando a verdade, procurando as soluções para as dificuldades.

A questão da segurança no Funchal é um problema que deveras nos preocupa e exige firmeza e intervenção, mas, sobretudo, trabalho e cooperação de todas as entidades, públicas e privadas, bem como das pessoas, em particular das famílias e da juventude.

Sejamos claros, há muito tempo que existe por parte do Estado uma notória incapacidade em dotar a nossa PSP dos meios necessários, de mais efetivos, para podermos combater o flagelo que hoje é a droga e o álcool que, cada vez mais, se apoderam das nossas ruas, dos nossos passeios, dos nossos estabelecimentos comerciais.

Nesse sentido, vamos iniciar um trabalho, muito árduo, junto do Governo da República e da Administração Interna, para que a PSP, no Funchal, tenha os meios humanos adequados para podermos defender a nossa população.

O consumo das drogas sintéticas pelos nossos jovens começa a ser um problema social muito grande que é preciso enfrentar e combater, por um lado com maior presença policial, por outro com as necessárias campanhas de prevenção e sensibilização, em que, obviamente, não podem ser apenas as instituições e entidades públicas a agir, cabendo a todos nós, enquanto sociedade, um papel nas respostas a dar a esta situação.

É precisamente por isto que, nas minhas intervenções públicas, tenho falado do problema, não o escondendo. Inclusivamente, aquando dos últimos festivais que aconteceram no Funchal, como foram o caso do ALESTE e do SUMMER OPENING, fiz questão de relembrar este assunto, pedindo que nesses espetáculos houvesse, por parte das respetivas organizações, uma preocupação e intervenção acrescidas para sensibilizarem para o não ao consumo de álcool e drogas.

Ainda sobre esta situação, mas também sobre a segurança em geral, quero aqui agradecer toda a colaboração e ação da nossa PSP, mesmo com falta de recursos, sendo de realçar toda a disponibilidade que tem demonstrado para trabalhar connosco nas reuniões periódicas que mantemos, em que abordamos os principais problemas e as melhores formas de os resolver.

Neste campo da segurança e fruto da atenção e preocupação que temos tido com o problema dos sem-abrigo, que não é de fácil resolução, está para muito breve a nossa primeira “Habitação Solidária” que vai, nos próximos dias, acolher pessoas que queremos ajudar e reabilitar socialmente. Pessoas que presentemente dormem na rua. E que agora terão não só um local para viver, alimentar-se, dormir, com toda a dignidade e acompanhamento técnico, mas, também, oportunidade para trabalharem em diferentes departamentos municipais.

Realço que este é um programa pioneiro, a que damos a máxima importância, para um problema muito sério do Funchal, que tem que ser tratado de forma prioritária. Este é ainda um singelo primeiro passo, mas queremos e vamos fazer mais, até porque temos previsto fazer crescer este programa, com mais “Habitações Solidárias”, tendo, ademais, já a colaboração de empresas para empregar posteriormente as pessoas que o consigam cumprir, com sucesso.