Mundo

Partido no poder sai reforçado em eleições parlamentares no Japão

None
Foto EPA

Os japoneses voltaram a mostrar hoje a sua confiança na coligação governamental liderada pelo conservador Partido Liberal Democrático (PLD), nas eleições para o Senado, de acordo com as primeiras projeções.

Sem surpresa, o PLD -- a que pertencia o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado na sexta-feira, durante um comício eleitoral -- deverá obter entre 70 e 83 lugares dos 125 em disputa para a câmara alta do Parlamento (cerca de metade dos 248 totais), de acordo com uma projeção do canal público de televisão, NHK.

A confirmar-se este resultado, a coligação no poder sai reforçada no Senado, dando mais margem de manobra para a afirmação da estratégia dos conservadores no Japão.

"Penso que é importante que as eleições tenham podido realizar-se normalmente", comentou o atual primeiro-ministro, Fumio Kishida, acrescentando que o seu partido vai centrar as suas atenções nos grandes temas da atualidade: o combate à pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia e o aumento da inflação.

Dois dias antes, o chefe do Governo lamentou o ataque "bárbaro" contra Shinzo Abe, o seu antigo mentor, insistindo na importância de "defender eleições livres e justas, que são a base da democracia", prometendo que nunca cederá à violência.

Em Nara, no oeste do Japão, o assassínio de Shinzo Abe, um dos políticos mais populares do país, feriu profundamente e comoveu a nação, tendo sido recebidas mensagens de condolências de todo o mundo, incluindo países como a China e Coreia do Sul, com os quais o Japão tem uma relação muitas vezes conturbada.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em viagem pela Ásia, fará uma paragem em Tóquio, na segunda-feira, para apresentar as suas condolências pessoalmente.

As autoridades japonesas informaram que haverá um velório, na noite de segunda-feira, e que o funeral do ex-primeiro-ministro se realizará na terça-feira, com a presença de familiares e amigos, no Templo Zojoji em Tóquio.

O alegado autor do ataque, detido no local, confessou ter alvejado deliberadamente Shinzo Abe, explicando à polícia que estava desiludido com o partido do ex-primeiro-ministro.

Os 'media' japoneses têm noticiado que Tetsuya Yamagami, de 41 anos, é um ex-membro da Força Marítima de Autodefesa (Marinha Japonesa), que terá usado uma arma caseira.

De acordo com vários meios de comunicação, o alegado assassino disse aos investigadores que foi a Okayama (oeste), na quinta-feira, com a intenção de assassinar Abe, que estava a participar num evento, tendo desistido dos seus intentos quando percebeu as apertadas normas de segurança.

Após ter estado suspensa por causa da notícia do ataque, a campanha eleitoral foi retomada no sábado com medidas de segurança reforçadas, enquanto a polícia de Nara admitiu falhas "irrefutáveis" no plano policial do comício onde Abe foi assassinado.

A campanha eleitoral foi dominada pelos aumentos de preços e pelos problemas no fornecimento de eletricidade, enquanto a onda de calor que afetou o Japão desde o final de junho suscitou temores de falhas de abastecimento em diversas regiões do país.

Num país frequentemente criticado pela falta de representação feminina nas suas instituições e na gestão das suas empresas, uma percentagem recorde de 33% de mulheres estava entre os 545 candidatos que se apresentaram a eleições.

A vitória da coligação que suporta o Governo de Fumio Kishida, que defendeu uma política económica mais redistributiva a que deu o nome de "novo capitalismo", não surpreendeu os analistas.

A estreita cooperação do Japão com os aliados ocidentais para pressionar a Rússia contra a invasão da Ucrânia foi um dos pontos que terá pesado na escolha dos eleitores, segundo vários desses analistas, que apontam para um maior gasto com o orçamento de Defesa, nos próximos anos.