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Trabalhadores da Global Media apreensivos com programa de rescisões

Foto Juan Garcia Hinojosa/Shutterstock.com
Foto Juan Garcia Hinojosa/Shutterstock.com

Os trabalhadores da Global Media manifestaram-se ontem apreensivos e chocados com os termos do programa de rescisões por mútuo acordo proposto pela administração e querem provas da situação financeira do grupo de comunicação.

A Global Media, que detém entre outros títulos o Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF e O Jogo, pretende reduzir custos operacionais e propôs, na semana passada, por 'email', um programa de rescisões por mútuo acordo aos trabalhadores de todas as empresas do grupo que pretendam aderir.

Numa carta dirigida à administração do Global Media Group (GMG), a comissão sindical manifesta "profunda apreensão" pelo teor do 'email' recebido pelos trabalhadores.

"O anúncio da abertura de um programa de rescisões por mútuo acordo não é, por si só, questionável. O que é questionável e condenável é a possibilidade, avançada no 'email', de, em caso de não adesão, vir a ser tomada 'qualquer medida de reestruturação sujeita a regime menos favorável'", é referido na carta.

No 'email' enviado aos trabalhadores, a Global Media justifica que a "recente conjuntura muito agravada pelo presente período da guerra [..] torna imperativa uma nova reorganização empresarial".

Na missiva, a comissão sindical, que reúne os delegados sindicais de vários títulos do grupo, mostra-se "chocada" com a "construção" do 'email' e contesta o motivo apresentado para a necessidade de redução dos custos com pessoal.

"As dificuldades financeiras decorrentes dos efeitos da guerra na Ucrânia, com aumento da inflação, dos combustíveis, da energia, afetam todas as empresas e famílias. Afetam também os trabalhadores do grupo que há 16 anos não são aumentados", referem na carta.

Os representantes dos trabalhadores apontam ainda uma série de razões pelas quais consideram ser incompreensível o programa de rescisões, nomeadamente o aumento de leitores 'online', a subida de 9% das vendas no ano passado, face a 2020, para 35 milhões de euros e ainda o facto de em 2020 ter havido uma "reestruturação" que resultou no "despedimento coletivo de 81 trabalhadores, entre os quais 17 jornalistas", entre outros motivos.

"Perante tudo isto, não se percebe se afinal há ou não há dificuldades", afirmam os trabalhadores, que defendem que os "cortes cegos têm sido a única estratégia" da administração, surgindo agora a "guerra como um mero pretexto".

Os trabalhadores exortam, por isso, a administração a apresentar as contas para provar a situação financeira do grupo e revelar a despesa com serviços externos, bem como a divulgar o plano que tem para a empresa.

"A saída de mais trabalhadores, seja por rescisão amigável, seja por outras vias, compromete o futuro dos vários títulos do GMG e o jornalismo que ali é praticado", sublinham.