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Governo dos Açores vai voltar a integrar a Associação de Turismo regional

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O Governo dos Açores vai voltar a integrar a Associação de Turismo dos Açores (ATA), estando a ser trabalhada uma revisão dos estatutos do organismo com os empresários, disse à Lusa fonte da secretaria regional do Turismo.

De acordo com a mesma fonte, o assunto já foi debatido em Conselho do Governo, sendo que se "está a trabalhar soluções com os empresários" no sentido de uma "alteração de disposições dos estatutos" da ATA.

A ATA é uma associação que visa "promover o destino Açores, como destino turístico de natureza, com uma forte componente experiencial, nos mercados emissores estratégicos, por forma a aumentar de forma sustentada o volume de dormidas em todas as ilhas dos Açores, bem como o aumento de receitas para todos os 'stakeholders' do setor".

Esta associação beneficia atualmente de um contrato-programa com o Governo dos Açores para promoção da região, em termos turísticos, no exterior.

O organismo, que vê assim regressar um dos seus sócios fundadores, vive atualmente uma fase de indefinição, sendo que o período de candidaturas para as eleições terminou sem que se tenha apresentado um único candidato, disse à agência Lusa fonte da associação, a 10 de março.

O período de apresentação de candidaturas terminou e o atual presidente, Carlos Morais, de acordo com os estatutos, mantêm-se em funções até à convocação de novas eleições.

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Boleiro, em entrevista à Turisver, um portal de informação sobre turismo, já tinha referido que a "ATA está num período de transição, a encerrar um ciclo e a abrir um novo, mais potenciado e estratégico, com intervenção da região, no sentido de termos uma valorização do destino Açores, com promoção estratégica e global dos Açores".

"Isto, naturalmente, com a liderança da própria região e, portanto, do Governo Regional e com a participação e associação dos empresários do negócio turístico que são essenciais no conhecimento, no terreno, do que importa fazer, do que importa reforçar e do que importa manter", salvaguardou.

Carlos Morais, que deixa a presidência da ATA dois anos e meio depois de tomar posse, referiu, em declarações recentes, que encontrou uma dívida à banca de cerca de nove milhões de euros, sendo esta, "neste momento", de 3,8 milhões.

O presidente da ATA afirmou que, em termos de fornecedores, existiam valores em dívida desde 2014, sendo o montante de quatro milhões de euros.

"Fechámos o ano de 2021 com uma dívida que tem a ver com a SATA, já muito antiga. Mas, se tiramos isso, que já vem desde 2013, são cerca de 200 mil euros de dívida a fornecedores porque os próprios não apresentaram a certidão da Segurança Social e das Finanças obrigatório para os pagamentos", disse Carlos Morais.

Em 2019, antes da chegada de Carlos Morais, a ATA foi alvo de buscas por suspeitas de "fraude para a obtenção de subsídio, peculato, falsificação de documentos e participação económica em negócio" e ainda de abuso de poder, ainda na vigência do anterior governo regional, em 2019.

Carlos Morais propunha-se, no seu mandato, colocar "ordem na casa" e "pacificar" a ATA, depois das buscas que a Polícia Judiciária efetuou na associação, tendo sido constituídos cinco arguidos, entre os quais o então presidente Francisco Coelho.

A lista que Carlos Morais apresentou na altura era "mais um passo" na estabilidade da associação, que além de estar sob investigação judicial, por alegadas irregularidades de gestão, deixou de ter o Governo Regional e a companhia aérea SATA como parceiros.

As contas de 2018 revelam um valor negativo de 1,5 milhões de euros resultante da gestão da direção anterior a Carlos Morais, atingindo o passivo total cerca de 13 milhões.