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Dezenas de pessoas detidas em Istambul nas comemorações do 1.º de Maio

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Foto EPA

Dezenas de pessoas foram hoje detidas em Istambul à margem das comemorações do 1º de Maio, seis dias após a condenação do ativista Osman Kavala e de outros membros da sociedade civil por conspiração contra o regime turco.

Segundo um comunicado das autoridades locais, citado pela agência noticiosa AFP, 164 pessoas foram detidas "por proibição de reunião e recusa em dispersar", ao aglomerarem-se junto à praça Taksim, centro dos grandes protestos antigovernamentais de 2013, que entretanto foi declarada encerrada ao trânsito e a desfiles.

Vários milhares de pessoas decidiram juntar-se, tranquilamente, à manifestação oficial de sindicatos e organizações profissionais, cuja realização tinha sido autorizada a uma certa distância da praça Taksim, designadamente numa zona do lado asiático de Istambul.

Desde o início da manhã de hoje, a tropa de choque formou um perímetro de segurança que permitiu isolar Taksim (no lado europeu do Bósforo) e entrou em ação para impedir que os manifestantes chegassem à praça, multiplicando as ações nesse sentido, constatou a AFP no local.

Todos os anos, a celebração do 1º de Maio origina confrontos semelhantes, permanecendo a praça Taksim marcado pelos trágicos acontecimentos do 1º de Maio de 1977, quando pelo menos 34 manifestantes foram mortos e uma centena de outros feridos por tiros atribuídos a uma milícia de extrema-direita.

A Turquia atravessava então por uma onda de violência política, mas a praça Taksim tornou-se, acima de tudo, o símbolo do protesto que em 2013 se espalhou a todo o país.

Inicialmente motivados pela defesa do vizinho Parque Gezi, devido a um anúncio de demolição, os protestos espalharam-se por todo o país, congregando frustrações e exigências contra o governo de Recep Tayyip Erdogan, então primeiro-ministro.

Nove anos volvidos, a justiça turca condenou na passada segunda-feira a prisão perpétua o empresário, ativista e filantropo Osman Kavala e outros sete réus - académicos, arquitetos, documentarista e advogados que se mobilizaram em defesa do parque - a 18 anos de prisão, no final de um julgamento considerado "sem provas ou contraditório".

Kavala, que falou de um "assassínio judicial", foi acusado de ter procurado "derrubar o governo" e os outros sete de tê-lo ajudado naquela tentativa.

As condenações, que surpreenderam advogados e vários observadores pela severidade das penas, foram recebidas pela sociedade civil turca como uma mensagem destinada a impedir quaisquer protestos no país até as eleições presidenciais e legislativas, marcadas para junho de 2023.