Coronavírus Madeira

Segurança Social da Madeira regista menos atendimentos a idosos vítimas de violência na pandemia

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O número de idosos vítimas de violência doméstica atendidos pelo Instituto de Segurança Social da Madeira (ISSM) diminuiu no primeiro ano da pandemia de covid-19, face a 2019, tendo sido recebidas 21 pessoas, indicou hoje a presidente do ISSM.

De acordo com Micaela Freitas, a violência doméstica contra idosos não aumentou com a pandemia de covid-19, tendo-se registado, pelo contrário, "uma redução à semelhança das outras situações de violência doméstica".

A presidente do ISSM falava na Comissão de Saúde e Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa, no âmbito de uma audição parlamentar requerida pelo PS, maior partido da oposição regional, intitulada "Esclarecimentos sobre a violência contra a pessoa idosa na Região Autónoma da Madeira".

"Nós, de 2019 para 2020, passamos de 229 atendimentos pela primeira vez de vítimas de violência doméstica para 177, sendo que o número de idosos atendidos pela primeira vez também diminuiu", realçou a responsável.

Micela Freitas precisou que, em 2019, foram atendidos 30 idosos pela primeira vez, enquanto em 2020, o primeiro ano da pandemia de covid-19, foram recebidos pelo ISSM 21 pessoas idosas vítimas de violência doméstica.

"Não obstante esta diminuição dos números de violência doméstica no primeiro ano da pandemia, nós não baixámos os braços e tivemos de prevenir qualquer situação que ocorresse. Desde logo criámos uma resposta para cumprimento de quarentena, ou seja, as vítimas de violência doméstica não deixaram de ser acolhidas durante este período", acrescentou.

A presidente do Instituto de Segurança Social regional reforçou que todas as respostas foram mantidas e que "ninguém ficou sem ajuda devido à pandemia".

Micaela Freitas referiu também que o atual Plano Regional contra a Violência Doméstica prevê "duas camas específicas para vítimas idosas de violência doméstica".

Há ainda "três camas de emergência em lares no Funchal que acolhem pessoas idosas vítimas de violência e outras situações de emergência".

Por seu turno, a coordenadora da comissão de apoio à vítima de violência doméstica, Teresa Carvalho, sublinhou que "não é possível saber-se a dimensão real" do problema, uma vez que nem todos os casos são denunciados.

Teresa Carvalho apontou, porém, que, quanto mais sensibilização e acompanhamento houver, "mais facilmente se identificam situações" de violência, notando que as denúncias das ajudantes domiciliárias "têm imenso peso".

A Comissão de Saúde e Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da Madeira tem ouvido diversas entidades a propósito de um requerimento de audição parlamentar sobre a violência contra idosos requerido pelos socialistas.

Em 16 de fevereiro, o comandante da PSP da Madeira, Luís Simões, disse que durante a pandemia a violência doméstica aumentou na região contra idosos, embora tenha baixado em termos gerais.

A PSP registou 87 queixas de violência contra idosos em 2020, quando em 2019 tinha sinalizado 70, referiu.

Por outro lado, no geral, os crimes de violência doméstica registam uma tendência decrescente no arquipélago desde 2017, quando foram reportadas 940 denúncias, passando para 853 em 2018, 845 em 2019, 794 em 2020 e 797 em 2021.