A Guerra Mundo

AIEA espera resposta rápida à oferta sobre segurança das centrais nucleares

Foto: EPA/RUSSIAN DEFENCE MINISTRY
Foto: EPA/RUSSIAN DEFENCE MINISTRY

O chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que se ofereceu para garantir a segurança das instalações nucleares durante o conflito na Ucrânia, disse hoje que espera uma resposta em breve e apelou para "não se perder tempo".

"Espero que as minhas consultas sejam bem-sucedidas nas próximas horas. Não devemos perder tempo. Todos os dias, mais ou menos, vemos um novo episódio", afirmou Rafael Grossi aos jornalistas, no primeiro dia de uma reunião do Conselho de Governadores da AIEA em Viena, sede do organismo das Nações Unidas, depois de se oferecer para visitar a Ucrânia e indicar o que pode ser feito para garantir a segurança das centrais nucleares.

O diretor-geral da AIEA disse na sexta-feira que estava pronto para visitar Chernobyl, local de um grande acidente nuclear em 1986 e atualmente controlado pelas forças russas.

A Rússia rejeitou o local, mas disse estar disponível para participar em conversações sobre a questão.

"Chernobyl não é o melhor local para tal reunião", disse o embaixador russo junto das organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov, citado pela agência espanhola EFE, antes do encontro do conselho de governadores da agência na capital austríaca.

Grossi confirmou que a "Federação Russa prefere que a reunião se realize noutro sítio".

"[Vai ser] muito complicado [organizar], mas temos de o fazer. Temos de chegar a acordo sobre um quadro comum claro" para evitar outro acidente nuclear, insistiu, acrescentando que o local e outras disposições estavam a ser discutidos.

O responsável mencionou, por exemplo, a necessidade de "medidas concretas para facilitar o transporte de material" essencial para a manutenção das centrais nucleares e não descartou a possibilidade de enviar "observadores ou inspetores" para o local.

A Ucrânia tem 15 reatores em quatro centrais em atividade, bem como vários depósitos de resíduos nucleares.

Na sexta-feira, as forças russas assumiram o controlo da central de Zaporizhzhia, a maior da Europa, após combates com tropas ucranianas, que provocaram um incêndio que destruiu um laboratório científico.

"Escapámos por pouco" a um acidente nuclear, sublinhou Rafael Grossi, dirigindo-se ao Conselho. "Tal situação nunca deve, em circunstância alguma, ser repetida", adiantou.

Neste momento, o pessoal no local deve responder às ordens dos militares russos, porém, "um operador deve ser deixado em paz", vincou Grossi, que também manifestou preocupação pelo facto de a maioria das comunicações ter sido interrompida e de os alimentos se estarem a esgotar.

Por agora, as operações são feitas de forma "segura", mas "durante quanto tempo?", questionou.

Também foram detetados problemas em Chernobyl, onde atualmente o contacto só é possível através do correio eletrónico.

Os mais de 200 empregados da central estão, alegadamente, incapazes de realizar rotações, o que levou Grossi a salientar "a importância de o pessoal operacional poder descansar a fim de realizar as suas importantes tarefas com toda a segurança".

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.

Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.