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Deputado do Chega diz que falhou eleição para 'vice' por "questão racial" mas recusa responder se há racismo

Gabriel Mithá Ribeiro à esquerda de André Ventura
Gabriel Mithá Ribeiro à esquerda de André Ventura, Foto PAULO CUNHA/LUSA

O deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro considerou hoje que não foi eleito vice-presidente da Assembleia da República por uma "questão racial", mas não respondeu às sucessivas questões sobre se existe racismo em Portugal.

"Fui rejeitado num país e num regime que anda há décadas a dizer que combate o racismo", disse Gabriel Mithá Ribeiro, em conferência de imprensa, nos Passos Perdidos, depois da rejeição do seu nome para vice-presidente da Assembleia da República.

O deputado obteve 37 votos a favor, 177 brancos e 11 nulos, aquém dos 116 deputados necessários para conseguir a maioria absoluta e ser eleito vice-presidente.

O Chega começou por apresentar a votos para a vice-presidência da Assembleia da República Diogo Pacheco de Amorim, que falhou a eleição com 35 votos a favor, 183 brancos e seis nulos.

Gabriel Mithá Ribeiro, que falou depois do presidente do partido, André Ventura, disse não poder "deixar de acrescentar neste episódio a questão racial".

"Isto tem de ter uma interpretação racial", argumentou.

Gabriel Mithá Ribeiro é conhecido por publicações académicas em que defende que não existe racismo em Portugal, posição que também assume publicamente.

Face às declarações que fez, o deputado foi questionado várias vezes pelos jornalistas sobre se, então, assume que existe racismo em Portugal e se o 'chumbo' para a vice-presidência da Assembleia da República está relacionado com isso.

O deputado não respondeu diretamente a nenhuma das questões.

"Eu digo que o racismo é um fenómeno histórico que, entretanto, foi ultrapassado, mas aqueles que andam a encher o discurso de que o racismo existe, na hora da verdade fazem isto", disse o deputado.

O deputado, que nasceu em Moçambique, disse também que há uma diferença de tratamento entre as pessoas que pertencem a uma minoria, mas têm orientações políticas diferentes: "Se uma pessoa é negra e é de esquerda é tratada com dignidade ou pelo menos com alguma dignidade. Se uma pessoa é negra e é politicamente neutra tende a ser apagada das instituições. Se uma pessoa é negra e é de direita é tratada, desculpem a força da expressão, como se tratam os pretos".