A Guerra Mundo

Forças armadas alemãs questionam preparação face a eventual conflito

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Várias figuras ligadas às forças armadas da Alemanha questionaram a preparação do Exército federal (Bundeswehr) perante um eventual conflito, depois da incursão militar russa na Ucrânia, que começou esta semana.

O general retirado Egon Ramms afirmou hoje que, no caso de uma agressão, o Exército alemão não seria capaz de defender o país de um hipotético ataque, segundo uma entrevista à televisão pública ZDF, citada pela agência Efe.

A Bundeswehr "pode atualmente cumprir os compromissos que tem com a NATO, mas não muito mais do que isso", afirmou Ramms, que atribuiu a situação à falta de financiamento, à redução do tamanho do exército e a uma menor produção de munições e peças suplentes.

O próprio Inspetor do Exército, Alfons Mais, expressou-se na quinta-feira em termos parecidos e indicou que a Bundeswehr "está mais ou menos sem cobertura" e acrescentou que as opções para oferecer apoio à aliança atlântica são "extremamente limitadas".

O oficial das forças armadas alemãs de mais alto escalão criticou duramente a política seguida até à data face à Rússia, e escreveu, numa publicação na rede social Linkedin, que "todos o viram a vir", em relação ao conflito na Ucrânia.

"Não fomos capazes de fazer ouvir os nossos argumentos, de tirar conclusões da anexação da Crimeia e de as pôr em prática", acrescentou.

A comissária do parlamento alemão para as forças armadas, Eva Högl, também expressou, na quinta-feira, dúvidas em relação à preparação da Bundeswehr perante um eventual conflito e pediu uma reestruturação urgente.

"A capacidade de arranque a frio não é a que deveria ser", afirmou numa entrevista com a televisão Phoenix e admitiu que, relativamente à necessidade de uma remodelação, não esperava que "ocorresse de forma tão rápida e tão brutal".

Eva Högl apontou como exemplo que alguns soldados alemães destacados na Lituânia, fazendo parte do grupo de combate da NATO, têm falta de roupas contra o frio e a humidade, algo que "não é aceitável num dos países mais ricos do mundo".

Esta semana, a Alemanha anunciou que aumentará o seu contingente de soldados estacionados no país báltico - contando agora com 850 efetivos - e a comissária não descartou que outros estados do leste da Europa peçam mais apoio militar.

Segundo o semanário Der Spiegel, a ministra da Defesa, Christine Lambrecht, equaciona dar à NATO o destacamento de mais 150 soldados e uma dezena de tanques para o flanco oriental, assim como sistemas de defesa antiaérea Patriot.

Esta quinta-feira, depois do início da incursão russa na Ucrânia, a Alemanha implementou as denominadas medidas de alarme nacional depois da decisão da NATO, que implicam que a Bundeswehr se preparará para um destacamento fazendo parte das forças de resposta da aliança.