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Uma má notícia é uma boa notícia

No Paraíso não há jornais porque não há más notícias!

As boas notícias

Na cidade de Sacramento, Califórnia, no início dos anos 70 do séc XX,

William Davis e alguns jornalistas decidiram fundar um jornal dedicado exclusivamente a boas notícias. O jornal chamava-se Good news for Agnew.

Esta ideia surgiu porque, na altura, constataram que a maior parte das notícias dizia respeito a crimes, acidentes, desastres, mortes, escândalos e outras situações anormais do dia a dia.

Por esse motivo, o novo jornal publicava apenas boas notícias ou a faceta boa de qualquer acontecimento.

A má notícia

No início, o jornal suscitou alguma curiosidade, mas, alguns meses após o seu lançamento, foi obrigado a dar uma má-notícia: o seu encerramento. A publicação, rapidamente, deixou de ter interesse, as vendas caíram a pique, de modo que o jornal declarou falência e encerrou. Isto aconteceu porque, na verdade, as más notícias suscitam maior curiosidade junto do público. Os tabloides sabem bem disto e exploram o lado sensacionalista dos acontecimentos.

As más boas notícias

Se um jornalista descreve que numa escola os professores ensinam bem, este facto não suscita qualquer interesse, pois, o papel das escolas é ensinar bem. Mas se uma escola não tem professor, este facto sim, por ser anormal, já é uma boa notícia.

Se um jornal descreve que certo político é sério e dedicado à causa pública, os leitores dirão que esse é o dever. A notícia nada tem de original. Mas se um jornal descreve que um político é suspeito de ter cometido uma infração, mesmo que se trate apenas de suspeita, esta notícia já merece grande destaque.

O reverso da medalha

Uma das mais nobres funções dos jornalistas é denunciar os aspetos menos bons da sociedade. Esta é, sem dúvida, uma forma de corrigir e contribuir para o bem dos cidadãos. George Orwell terá dito que - o jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer ver publicado.

Todavia, o predomínio das más notícias faz com que a opinião pública formule uma imagem menos boa da sociedade. Mas esta imagem nem sempre é real, pois, a maior parte das entidades, serviços públicos e privados, no dia a dia, funcionam bem e silenciosamente contribuem para o bem dos cidadãos.

É certo que nem tudo funciona bem e muitas situações merecem reparos, dos quais se encarregam os jornais. Só no Paraíso não existem más notícias, por isso, ali não consta que existam jornais!