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EUA dizem que eventual guerra pode gerar cinco milhões de deslocados

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A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas afirmou hoje que cerca de cinco milhões de pessoas poderão ser forçadas a sair de suas casas caso a Rússia "continue neste caminho" de "guerra", criando uma nova crise de refugiados.

Num debate da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação dos "territórios ucranianos temporariamente ocupados", a embaixadora Linda Thomas-Greenfield declarou que pode estar em causa uma das maiores crises de refugiados da atualidade.

"Se a Rússia continuar nesse caminho, pode -- de acordo com as nossas estimativas -- criar uma nova crise de refugiados, uma das maiores crises que o mundo enfrenta hoje, com até cinco milhões de pessoas deslocadas pela guerra escolhida pela Rússia e pressionando os vizinhos da Ucrânia", disse Linda Thomas-Greenfield.

Além disso, segundo a diplomata norte-americana, as ações da Rússia podem causar um aumento nos preços dos alimentos em países em desenvolvimento e intensificar ainda mais a fome em lugares como Líbia, Iémen e Líbano, uma vez que a Ucrânia é um dos maiores fornecedores de trigo do mundo.

"As ondas gigantes de sofrimento que esta guerra causará são inimagináveis", frisou a norte-americana.

"Até ao momento, a guerra da Rússia no leste da Ucrânia já matou mais de 14.000 pessoas. Quase três milhões de ucranianos -- metade dos quais são idosos e crianças -- precisam de comida, abrigo e outras ajudas para salvar vidas. E, claro, os russos comuns deveriam estar perguntando quantas vidas russas [Vladimir] Putin [ Presidente da Rússia] está disposto a sacrificar para alimentar as suas ambições", acrescentou a embaixadora.

A Assembleia Geral da ONU de hoje foi quase uma sucessão ininterrupta de condenações às últimas ações da Rússia no leste da Ucrânia. Contudo, e mais uma vez, a China não se juntou ao coro de críticas, não se distanciando do seu tradicional aliado diplomático .

Perante as condenações, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, justificou a intervenção russa (e envio de tropas) em Donbass: "Diante do flagrante genocídio e do atropelo do mais importante dos direitos humanos, o direito à vida, o nosso país não poderia ficar indiferente ao destino dos quatro milhões de habitantes de Donbass", disse.

Segundo a versão russa, o mundo mostra "completa indiferença pelo destino do povo de Donbass", que sofre "uma privação sistemática dos seus direitos básicos por motivos étnicos".

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, insistiu hoje que o mundo enfrenta "um momento de perigo" e denunciou as "violações" da Rússia na Ucrânia, falando na abertura de uma reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas.

"A decisão da Rússia de reconhecer a chamada 'independência' das regiões de Donetsk e Lugansk -- e o que se seguiu - são violações da integridade territorial e soberania da Ucrânia e são incompatíveis com os princípios da Carta das Nações Unidas", disse.

A participação do secretário-geral não estava inicialmente prevista nesta reunião, que se realiza anualmente, mas Guterres decidiu participar depois de cancelar uma viagem a África e regressar antecipadamente a Nova Iorque.