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SMILO - pequenas ilhas sustentáveis

O futuro, seja ele qual for, impõe, nas pequenas ilhas, a consideração integrada das questões da sustentabilidade

Sustentabilidade sempre foi um desafio maior, em ilhas, sobretudo nas mais pequenas. Espaço limitado e condicionantes biofísicas são sinónimo de dependência, sujeição, adaptação às condições ambientais, a que se associam a falta de massa crítica, distância a fontes de recursos e aos mercados, são marcas determinantes da vida insular, exacerbada em função da pequenez de territórios com histórias incríveis de resiliência e carácter que só quem sabe o que é uma ilha é capaz de entender.

Naturalmente que ao cortejo típico de desafios tradicionais associados a ilhas pequenas, acrescem as questões mais recentes por via das mudanças globais. Eventos meteorológicos extremos acrescentam maiores riscos e consequências dramáticas que, no caso insular, a descontinuidade territorial pura e simplesmente, interdita soluções mínimas ao alcance de qualquer terra continental. Alterações climáticas, perda acelerada de biodiversidade, erosão e degradação da paisagem e do solo, intrusão salina e tantos outros processos, em ilhas pequenas, assumem uma dimensão e importância vital. O futuro, seja ele qual for, impõe, nas pequenas ilhas, a consideração integrada das questões da sustentabilidade. Não há outro caminho. Pode ser mais tarde, se ainda houver tempo, ou mais cedo, se houver visão. Não o fazer é hipotecar o futuro.

Um grupo de pequenas ilhas, unidas pelos mares deste planeta, assumiram olhar para a sustentabilidade, em parceria, partilhando os desafios, as dificuldades, as limitações, mas também a esperança, a vontade e o compromisso de se apoiarem mutuamente na procura de soluções de base local para problemas similares. Escolheram cinco temas determinantes para a sua sustentabilidade: a biodiversidade, a água, os resíduos, a energia e a paisagem. Não porque estes sejam os únicos sectores fundamentais para a sustentabilidade em ilhas mas, antes, num entendimento de que para estes cinco temas, é possível encontrar caminhos, soluções, sob a forma de ações, pequenas, mas efectivas, em que todos podem colaborar. Um pouco por todo o mundo pequenas ilhas, com menos de 150 quilómetros quadrados, dão corpo ao programa SMILO (http://www.smilo-program.org), basicamente um programa que as apoia no caminho para a sustentabilidade. Ainda jovem, este Programa já conseguiu juntar ilhas tão diversas como Pangatalan, nas Filipinas, Gorée, no Senegal, o arquipélago de Kerkennah, na Tunísia, as Ilhas do Mar de Esmeralda em Madagascar, Saint Honorat, França, no Mediterrâneo, Zlarin, na Croácia, Bolama, na Guiné-Bissau, Ibo, Moçambique, Santa Luzia, Cabo Verde, entre outras. Em comum, para além da sua condição insular e de pequena dimensão, das suas limitações e constrangimentos, partilham também pequenas histórias de sucesso, seja na restauração de habitats, na recuperação de paisagens produtivas, na inovação em gestão de resíduos e utilização de energias renováveis, no reforço da protecção de ecossistemas costeiros e marinhos, como parte do seu compromisso com o desenvolvimento sustentável. A família SMILO, pequenas ilhas sustentáveis, continuará a crescer promovendo uma governança partilhada em benefício das populações insulares, da sua identidade, da sua cultura e do seu ambiente.