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Eleições Autárquicas Madeira

Machico quer mais turismo para gerar emprego e dinamizar freguesia

A 'Volta à Ilha' de hoje passou por Machico, onde ouviu a opinião dos residentes sobre os principais problemas locais. Percorra a galeria que retrata a freguesia e as suas gentes e leia mais na edição impressa desta terça-feira

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A freguesia ‘mãe’ do homónimo concelho de Machico, localizado na costa leste da ilha da Madeira, possui uma área de 17,41 km² e 9.844 habitantes, de acordo com os dados dos Censos de 2021. Nos últimos 10 anos perdeu 12,5% da população residente, mas também vitalidade.

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O dia da freguesia é assinalado oficialmente a 2 de Julho, data que coincide com o início dos descobrimentos.

Infelizmente é o lugar onde tudo começou, mas agora nada de novo começa Sofia Berenguer, 32 anos
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A vila piscatória – elevada a cidade em 1996 – cresceu a partir das margens da ribeira e ao longo do vale. Primeiro, graças ao comércio do açúcar e, mais tarde, afirmando-se como pólo turístico. Todavia, com o desmantelamento da Matur e do Hotel Atlantis para dar lugar à expansão do Aeroporto da Madeira, nos finais dos anos noventa do século XX, Machico registou uma quebra no turismo e, consequentemente, um grande retrocesso no emprego e na economia no concelho e das pessoas que aí trabalhavam. A crise financeira de 2010-2014 veio agravar a situação, em linha com o resto da ilha e do país, verificando-se um aumento considerável do desemprego (em particular do desemprego jovem) responsável por um novo fluxo imigratório.

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Machico parou no tempo. Os jovens estão a emigrar, porque não há emprego e a zona hoteleira que nós temos já está mesmo velhíssima. Necessitamos de coisas novas para incentivar os jovens a cá ficar Francisco Tremura, 56 anos, talhante
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Devíamos ter mais um ou dois hotéis. Machico tem uma área excelente, com uma frente-mar espectacular para o turismo e não há soluções
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Machico daqui a uns aninhos é só velhos. Tenho dois filhos, os dois com os seus cursos e nenhum trabalha cá. Nem querem viver cá. Eu, se fosse, jovem também procurava fazer vida fora. Agora se houvesse hotéis a trabalhar, como já houve na altura da Matur e do Atlantis... Maria José Nicolau, 58 anos, proprietária da Ervanária Naturalíssima, na Rua da Estacada
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Os mais jovens também reconhecem o "potencial" da sua freguesia, nomeadamente do centro histórico da cidade, para acolher “diversos negócios locais”, desde lojas a espaços de diversão ou de cariz cultural, passando por restaurantes, cafés ou alojamento local. Lamentam, por isso, que alguns edifícios se encontrem degradados ou subaproveitados.

Acho que não há dinamização nenhuma (…) Há vários prédios abandonados a cair aos pedaços que podem ser aproveitados  Vanessa Freitas, 30 anos
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Politicamente, Machico foi considerado durante anos o ‘bastião da resistência’ à hegemonia ‘laranja’ de Alberto João Jardim, pautando-se a liderança da junta pela alternância entre as duas maiores forças políticas (PS e PSD). Hoje, na ‘terra do contra’ a maioria dos pequenos comerciantes cala-se ou escusa-se a apontar o que faz falta, embora todos o comentem à ‘boca pequena’.

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No emblemático Largo da Banda d’Além, apesar de terem licença até à meia-noite os bares são obrigados a encerrar mais cedo. Não por causa da pandemia, mas devido às queixas de alguns moradores devido ao “barulho”.

Quer dizer, vem o turista cá, está numa esplanada e 23 horas tem de levantar-se porque algumas pessoas não estão de acordo [com o horário de funcionamento dos bares] Francisco Tremura

Um dilema sem solução, do qual as entidades ‘lavam as mãos. “Entendam-se”, dizem.

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A freguesia conta igualmente com a sua quota de ‘elefantes brancos’, do qual é exemplo maior o Forte de São João Baptista, cujas obras de recuperação começaram há mais dez anos.

O Forte [de São João Baptista] está parado. Tiraram as pessoas de lá, para dar melhores condições, mas também iam remodelar, fazer ali um hotel ou uma pousada – que até ficava muito giro, pois é uma zona muito atractiva para os turistas – mas estagnou Maria José Nicolau
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Será que não avança porque mudou de cor política? A verdade é que há uma rivalidade que há entre os dois partidos [PS e PSD] e o povo é que padece dessa situação Francisco Tremura
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Outro imóvel polémico é o Forum Machico, agora concessionado à empresa Atlanticulture como espaço cultural. Para o edifício está projectado um hotel, mas que ainda não saiu do papel. A Sociedade de Desenvolvimento, proprietária do imóvel e a câmara municipal asseguram que ainda não receberam “proposta formal” da Atlanticulture. Já a promotora garante estar apenas à espera de luz verde das autoridades locais.

Tem um espaço ali tão grande à bruta, que podia ser usado, por exemplo, para pôr a polícia, as finanças, o registo civil e outros serviços, tudo num espaço só (...) Um hotel também dava, mas vai tudo para o Funchal. Eles não autorizam fazer nada em Machico. A culpa também da Câmara, não é só do Governo Regional  – Daniel Silva, 63 anos
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Os moradores queixam-se também do serviço de recolha do lixo deficitário e em horário impróprio. A equipa de reportagem do DIÁRIO deparou-se contentores a transbordar e um camião de recolha do lixo a obstruir uma das artérias centrais da cidade em pleno meio da tarde.

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À frente do meu negócio, há dias em que é um autêntico podre. Não se pode com o cheiro. O carro do lixo passa todos os dias [da semana], mas ao fim-de-semana isto fica assim. E também há pessoas que vêm de outros sítio deitar aqui o lixo. Será que não contentores no sítio delas? Maria José Nicolau
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A falta de estacionamento e/ou estacionamento indevido é outro dos problemas que causa 'dores de cabeça aos machiquenses'.

“Na rotunda do cais, por lá fora é uma autêntica vergonha. Não há quem consiga passar por aquela estrada fora no Verão. Se vem um carro de cima e outro de baixo, é um problema. Aquilo devia ser proibido. Depois também há estacionamentos públicos que foram feitos, mas há pessoas que os usam como se fossem privados Daniel Silva
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Estas e outras questões serão determinantes para o desfecho das eleições autárquicas que se avizinham. A votos, no dia 26 de Setembro, vão PS, PSD, JPP, CDU, Iniciativa Liberal e Chega.

Será que alguma coisa vai mudar? Pode ser que sim… Francisco Tremura