Madeira

BE diz que Governo Regional tem "atitude inaceitável" nas questão da Groundforce

Dina letra reuniu-se com subcomissão de trabalhadores da Groundforce da Madeira

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"O Bloco considera inadmissível que os trabalhadores estejam a ser prejudicados e utilizados como arma de arremesso entre os accionistas"

O BE-M reuniu-se com representante da subcomissão de trabalhadores da Groundforce da Madeira a fim de se inteirar das dificuldades destes trabalhadores perante o braço-de-ferro que existe, neste momento, entre os dois accionistas da empresa, e para mostrar a sua solidariedade com a luta destes trabalhadores pelo direito ao trabalho e pelo pagamento desse trabalho.

Como sabemos, a Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, e em 49,9% pela TAP, e o clima de conflito entre ambos é de tal ordem que a TAP solicitou a insolvência da sua participada, que foi decretada pelo Tribunal no início deste mês. Pelo meio, temos 2.400 trabalhadores, com vínculo à empresa há 20 e 30 anos, que se vêem agora perante a eminência de perderem o seu trabalho.

O Bloco considera inadmissível que os trabalhadores estejam a ser prejudicados e utilizados como arma de arremesso entre os accionistas.

Sabemos que a Groundforce tem gerado resultados positivos nos últimos anos, tem dado lucro na ordem dos 6 milhões de euros por ano e é, por isso, uma empresa rentável e sustentável. Naturalmente que a pandemia trouxe fortes restrições ao sector da aviação, mas a empresa esteve sempre operacional. Para além disso, recebeu apoios do Estado no âmbito do layoff e, segundo fez saber pela comunicação social, deixou de pagar a fornecedores para poder continuar a pagar salários. Por tudo isto, mas não só, torna-se evidente que o único interesse do acionista maioritário foi e é garantir os seus lucros sem ter, de facto, investido na empresa.

Tudo isto demonstra também a total irresponsabilidade dos governos centrais do PSD e do PS, ao longo dos anos, que privatizaram sectores estratégicos da nossa economia, que são vitais para a continuidade territorial e para o desenvolvimento do país, pondo mesmo em causa o serviço público e a prestação de bens e serviços essenciais, que devem ser assegurados a todas e a todos os cidadãos portugueses, independentemente do local do território nacional em que se encontram localizados. Esta é uma premissa do Estado.

A Groundforce tem, nos aeroportos da Madeira e de Porto Santo, 208 trabalhadores, que garantem a quase totalidade da operacionalidade dos aeroportos regionais, quer em termos de transporte de passageiros quer em termos de carga aérea. Trabalhadores que, ao longo de todo este processo, foram solidários e nunca viraram as costas à empresa, tendo cooperado na procura de soluções, nomeadamente quando abdicaram de regalias existentes na Groundforce; alteraram os seus horários de trabalho em benefício da melhor eficiência da empresa; continuaram a fazer horas extraordinárias, sobrecarregadas e acrescidas pela dispensa de centenas de trabalhadores com contrato a termo.

A Groundforce detém, por isso, um papel fundamental na sustentabilidade da economia do arquipélago da Madeira, não só na actividade turística, e na retoma dessa actividade que se tem vindo a assistir nos últimos 2 meses, mas também na garantia dos serviços de transporte de mercadorias, e os seus trabalhadores são essenciais para garantir a operação aeroportuária.

O Bloco de Esquerda-Madeira entende que, sendo este um tema de vital interesse público para a RAM, é inaceitável a atitude do Governo Regional de mais uma vez sacudir a água do capote. É sua obrigação salvaguardar o interesse dos madeirenses e porto-santenses e fazer pressão junto dos órgãos próprios para a rápida e imprescindível resolução desta situação.

A Madeira, enquanto região insular total e exclusivamente dependente do transporte aéreo para entrar e sair da ilha, não pode ter um governo regional passivo numa matéria de vital importância.