A pior maneira de lidar com a democracia

Depois de 47 anos do 25 de Abril de 1974 onde supostamente iria ser implementado um regime democrático em Portugal, pois a liberdade conquistada assim o exigia! Temos partidos políticos, elegemos os governantes e depois! Mas afinal será mesmo que a democracia está em vigor? Porque chegamos ao extremismo do desleixo, da desilusão, da miséria, da demagogia, da hipocrisia, da injustiça, da falta de ética, da ignorância, da descriminação, da inércia, insignificância, da indiferença, da tolerância, da incúria, da usurpação do poder, da degradação dos valores na sociedade e da manipulação da mentalidade sob o signo do medo e da ignorância. Os mais de 50% de cidadãos que através da abstenção, desmotivados viraram as costas à democracia, porque cada vez mais sentem-se desiludidos com este modelo de como ela foi conduzida ao longo de mais de 4 décadas. Deveria ser adulta, mas infelizmente «nasceu» com uma deficiência crónica, citada numa frase do General Ramalho Eanes: (Abril ofereceu as liberdades mas esqueceu-se de formar cidadãos) que também citou recentemente: "Há uma epidemia da corrupção na sociedade portuguesa"; acho que chega mais de palavras para definir o que se passa neste nosso país. Quando os portugueses se aperceberem que por falta de cultura democrática deste povo, o país chegou ao actual estado de degradação e descrédito, se não reagirem a tempo poderá já ser demasiado tarde. Será essa a razão de surgirem vozes e cidadãos "anónimos" que tiveram a coragem de aderir a alguns projetos que visam mudar o paradigma político em Portugal e fundamentalmente na nossa região? Será que agora os protagonistas deste descalabro começam a perceber que: afinal o povo está cansado de suportar o jugo a que foi sujeitado e tomou a decisão de dar a cara por uma alternativa. E se os abstencionistas indignados e revoltados tiverem também a coragem de alterar o seu comportamento e decidirem duma forma muito democrática ensaiar uma nova forma de revolução, VOTANDO massivamente nos novos (AVENTUREIROS). Habitualmente as pessoas comentam: votar sempre nos mesmo para quê, mas agora surge a alternativa, cidadãos «comuns» que se dedicam ao trabalho no seu dia a dia, que têm as suas famílias, as suas ocupações e os seus compromissos, que se deslocam em transportes públicos ou nos seus humildes veículos e que quase a vida do quotidiano lhes ocupa todo o seu tempo, mas que acharam que é hora de demonstrar que a democracia chega a todos. Porque a contestação começa a emergir e os autores deste drama político que (catalogam estes cidadãos corajosos de extremistas), já começam a sentir o medo de perderem a hegemonia do poder que não é mais do que o dado pelo povo, mas que chega o dia e cansa pois perdeu toda a confiança no regime e agora recusa-se a continuar calado. A oportunidade está de volta, a democracia exige aos cidadãos a responsabilidade de: sem medo, com determinação e coragem que o voto inteligente chega para mudar o rumo à democracia e construir um novo futuro para Portugal.

A.J. Ferreira