Será que se eu emprestar algum dinheiro ao inspetor da ARAE que recebeu 4.950 euros de César do Paço terei algum “desconto” numa eventual fiscalização? É uma simples e desinteressada questão, sem segundas intenções, mas que ajuda a perguntar sobre a impunidade que reina entre os centristas.

É verdade que se apontaram pistolas ao líder do CDS Madeira, que muitos exigiram a demissão do Secretário Regional da Economia, mas poucos se lembram de apontar o dedo ao resto da “trupe”, que também foi agraciada pelo agora angariador do Chega.

Consta do manifesto eleitoral do empréstimo que, para além de Rui Barreto, Gonçalo Nuno Santos, um adjunto da Secretaria da Economia, Gonçalo Pimenta, presidente da Madeira Parques Empresariais, e Luís Filipe Santos, que é inspetor da ARAE, foram premiados sem que nada lhes tenha acontecido.

É certo que nenhum destes felizardos foi acusado de qualquer crime, que até provem em contrário são inocentes, no entanto, e nestas ocasiões, é preciso recordar uma história com mais de dois mil anos, de Pompeia, a mulher de César a quem não bastou ser honesta, tinha de parecer honesta.

Portanto, e para que não subsistam dúvidas e se façam contínuas interpretações sobre doações a terceiros, não se deveriam fiscalizar melhor estes senhores, um dos quais quadro da Autoridade Regional das Atividades Económicas, organismo que vem inspecionando tudo e todos. Eles fiscalizam-nos e podem-nos multar, mas ninguém os repreende..

Emanuel Camacho