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Para quando a resolução do problema das águas?

Seria interessante saber quantos metros de tubo é que cada Vereação resolveu, desde 1976 até agora e quantas grandes obras foram feitas

Tivemos um mês de Março relativamente farto em chuvas que até equilibrou as contas dos meteorologistas, levando para média a queda pluviométrica entre Outubro e final de Março. Embora Abril é que tenha no conceito popular o mês das águas mil.

Bem sei que ainda estamos no seu começo e tudo pode acontecer. De qualquer modo ainda não estamos com reservas suficientes para aguentar o Verão sem problemas de falta de água quer para o consumo, quer para a agricultura, em especial na Costa Sul.

Na Costa Norte estamos protegidos pelos ventos que sopram do mar para a terra, carregados de humidade e que indo de encontro às folhagens da Laurissilva, provoca a sua condensação, chegando a cair cerca de dez litros por metro quadrado e por vinte e quatro horas, que alimentará as nascentes.

Parte dessa água é captada e conduzida em Levadas para a Costa Sul e dessa parte captada mais de trinta por cento perde-se pelo caminho de acordo com o Plano de Recuperação e Resilência, que prevê uma verba para a recuperação das grandes levadas. Esse dinheiro virá da União Europeia.

Até aqui tudo bem, mas não nos podemos esquecer que estes derrames não surgiram de um momento para o outro e já há muitos anos que não existem nos respetivos orçamentos verbas com essa finalidade. Tem-se sacrificado a agricultura, em especial no eixo Ribeira Brava / Machico. Os senhores que fazem o orçamento, os do Governo e aqueles que o votam na Assembleia Legislativa da Madeira, não se preocupam com os nossos agricultores especialmente desde que a água de consumo começou a aumentar para valores assustadores. Por outro lado terão que ter em consideração de que a maior parte das grandes levadas vão a caminho dos setenta/oitenta anos.

Todos os anos deve ser destinada uma verba para a sua manutenção, para evitar as grandes roturas.

A Camara Municipal do Funchal comprou uma viatura para detetar fugas de água na canalização e começou a substituir as tubagens que ainda eram de lusalite, tentando desta maneira diminuir fortemente os tais mais de cinquenta por cento de perdas, que certamente é muito inferior aos mais de trinta por cento que se perdem nas grandes levadas.

Como se sabe o consumo durante o dia é muito superior ao durante a noite em que a maior parte dos cidadãos se encontram a dormir e por isso mesmo a pressão aumenta nas tubagens, provocando maiores desgastes e mais frequentes roturas. Houve necessidade de colocar redutores de pressão exatamente para fazer diminuir tanto as roturas, como os desgastes.

O Município Funchalense demorou muito tempo a perceber todo esse prejuízo, quer para si que representava uma grande verba que tinha que pagar à ARM –EP e que não recebia nada dos consumidores, uma vez que mais de cinquenta por cento ia pela terra abaixo. Foi pena ter demorado tanto tempo porque já há alguns anos que acontece as faltas de água, especialmente na época estival no eixo atrás referido.

Seria interessante saber quantos metros de tubo é que cada Vereação resolveu, desde 1976 até agora e quantas grandes obras foram feitas.

Tudo indica que nos anos mais próximos estes problemas estarão resolvidos porque, a própria ARM- EP também já começou a resolver os problemas das perdas nos Municípios onde o abastecimento da água de consumo é da sua responsabilidade.

Mas quando, perguntamos nós? Será que de facto as grandes levadas serão devidamente reparadas, porque as obras no Funchal, pela Autarquia, já começaram há algum tempo. O pontapé de saída já foi dado e até parece que já notam as diferenças nas contas do abastecimento de água de consumo.