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A hegemonia do poder económico

A interferência do Putin no apoia a Donald Trump nas eleições norte americanas não é inocente

A hegemonia do poder económico sobre o poder político, democraticamente eleito, é já de tal ordem que os governos apenas fingem que governam porque ganharam eleições, todavia, seja de esquerda ou direita terá de dançar a música que os grandes grupos financeiros tocam. Falo das máfias da indústria da droga e das armas, dos combustíveis fosseis e da Banca. São eles que controlam o Mundo a seu belo prazer. Os governos sabem disso mas também sabem que são impotentes para travar o que gira à volta do dinheiro.

O estrangulamento financeiro é tal que os governos já estão obrigados a subsidiar tudo, pois, se assim não fosse já nada funcionava, já que o comum cidadão não ganha o suficiente para fazer face ao custo de vida. São os subsídios para transportes, aéreos, terrestres e marítimos, é a saúde, é o ensino e depois ainda têm que injetar quantias obscenas na Banca. Quase toda a economia paralisaria se não houvesse contínuos subsídios e injeções de capital nas empresas.

Flagrante embuste são os combustíveis, há nove semanas consecutivas a subir. Se, como apregoam aqueles que comandam as marionetas, os combustíveis sobem consoante a procura, agora que o consumo está reduzido a metade qual a justificação para tais aumentos? As explicações são múltiplas mas eu destaco uma datada de Outubro de 2020, com base num relatório do Banco suíço (UBS) dizendo que a pandemia ajudou os bilionários mundiais (billion dollar men) a elevar as mega-fortunas para 10,2 triliões de dólares e acrescenta que foram identificados os 2.189 bilionários relativamente a 2017. Isto é escandaloso num mundo onde se morre de fome.

Qual o poder eleito que faça frente a tal poderio financeiro? Os governos caiem, as médias e pequenas empresas caiem, trabalhadores são lançados no desemprego, o custo de vida aumenta exponencialmente mas os grandes grupos económicos seguem intocáveis e com cada vez mais poder porque os governos democraticamente eleitos não têm força para trava-los nem coragem para taxar as grandes fortunas com impostos elevados. Fazem que governam mas, no fundo, estão à espera das migalhas que os super-ricos deixam cair da farta mesa. Então se são os governos, legitimados pelas populações, a gerir os respetivos países porque são apenas chamados a gerir as crises sociais? Porque não são eles a controlar o poder financeiro? Porque, na verdade, vivemos a ditadura do dinheiro encapotada de democracia. Atentem nas sete economias mais avançadas do mundo (G7) que concordaram em elevar as reservas do FMI em US$ 650 bi para financiar os países afetados pela pandemia mas, quanto a mim, já a pensar nos juros astronómicos que essa ajuda vai render. Isto não é um discurso comunista, como alguns irão catalogar, é apenas a visão futurista do que será o descalabro da economia mundial atulhada na miséria e degradação social. A sociedade vive obcecada pela ambição desmedida e pelo luxo sendo a alta corrupção, a consequência que a própria justiça não consegue controlar. Não, isto nada tem a ver com essa treta de direita ou esquerda para entreter o povo quando, na verdade, só existe o partido do dinheiro que tudo compra, tudo controla e tudo destrói. O futuro não resistirá a tão abissais desigualdades sociais.

Isto ainda tem solução? Será que ainda vão a tempo de corrigir tão grandes assimetrias? Quero acreditar que sim, pois as gerações vindouras não podem ser escravas do dinheiro, porém depende da coragem, resiliência, determinação e bom senso das super-potências mundiais, nomeadamente, E U A, China, Rússia e UE. Não se afigura fácil na medida em que os EUA não conseguem disciplinar os grandes “lobby”s pois têm apenas cifrões nas cavidades oculares. A China viu o brilho do ouro no ocidente, enveredou pelo mesmo trilho e não vai querer regredir. A Rússia, como grande potência, fará tudo para não ficar atrás. Resta o bloco europeu que eu considero o mais democrática por força do voto dos 27 países que o compõem e deveria liderar um processo de ordenamento nos atropelos económicos.

A interferência do Putin no apoia a Donald Trump nas eleições norte americanas não é inocente mas uma terrível promiscuidade pela supremacia do poder financeiro e controlo do poder político.

A OMS já alerta que as desigualdade no acesso à vacina para o covid-19 é gritante, deixo-vos a meditar no porquê.