Carta aberta ao ridículo

Várias personalidades entenderam subscrever uma carta aberta com críticas e exigências censurando a informação e o jornalismo televisivo (JT) pela forma como tem vindo a cobrir as incidências da pandemia de Covid19. No entender dos subscritores da carta (SC) os jornalistas das diversas televisões devem merecer censura por fatores como, o tom agressivo, quase inquisitorial de algumas entrevistas que condicionam os entrevistados, a obsessão opinativa que contraria a saudável preocupação pedagógica de informar, o tempo de antena dado a falsos especialistas e entrevistas a pessoas que nada sabem do assunto, as imagens repetidas até à náusea, a ladainha dos números de infetados e mortos etc. Se é verdade que as inúmeras repetições de algumas imagens e notícias tendem a banalizá-las tal não invalida o propósito fundamental da sua transmissão que é informar e dar a conhecer a todos a realidade do que se passa no País. O tom “agressivo” de uma entrevista poderá condicionar o pensamento e as respostas de quem mais do que dar respostas procura apresentar justificações. Ouvir diversas opiniões e explicações sejam ou não de especialistas é fundamental para enquadrar e transmitir uma informação essa sim “saudável e pedagógica”, para que cada um possa fazer o seu juízo e tirar as suas próprias ilações e não o contrário como pretendem os SC. Só que as verdadeiras causas para a suposta indignação e tentativa de censura dos SC tem muito mais a ver com o “criminoso” de Marta Temido e o "até nem é patriótico" de Graça Freitas perante as críticas ao Governo (Gov) pelas falhas no combate à pandemia. É como se as filas de ambulâncias à porta das urgências e o aumento brutal de mortes a seguir ao desconfinamento no Natal, que o Primeiro Ministro tentou justificar com a mentira do seu desconhecimento sobre a variante inglesa do vírus, fosse uma “agenda política e libelos acusatórios” de uma conspiração do JT contra o Gov. Uma carta aberta ao ridículo e pouco mais.

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