Desporto

"Não vou deixar uma herança tão pesada igual àquela que recebi"

Carlos Pereira falou durante cerca de uma hora na conferência de imprensa convocada pelo Marítimo

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O presidente dos verde-rubros disse acreditar no trabalho do treinador, Milton Mendes, defendeu "a infelicidade" de Rúben Macedo no penálti cometido diante o FC Porto e estabeleceu um longo contraponto entre a sua presidência e as anteriores. Carlos Pereira considerou-se ainda como o terceiro maior marco da história do clube e diz que "parece que o Marítimo nunca fez outra coisa senão jogar contra a Juventus", numa clara alusão aos críticos que "estabelecem termos comparativos" com o passado

Carlos Pereira falou durante cerca de uma hora naquela que foi a primeira conferência de imprensa do Marítimo, de antevisão a um jogo, após a saída de Lito Vidigal, em Dezembro do ano passado. O presidente dos verde-rubros, ladeado pelo treinador, Milton Mendes, e pelo capitão da equipa, Zainadine Júnior, assumiu desde logo que solicitou a comparência da comunicação social para chamar a si todas as responsabilidades pelo momento negativo que a formação insular atravessa.

"Somos idóneos. Sabemos o que é a responsabilidade e nunca fugimos a essa responsabilidade. Estamos aqui para vos transmitir e transmitir a quem gosta do Marítimo que nós acreditamos que temos bons atletas, atletas responsáveis, equipa técnica responsável e tudo fazemos para que as coisas corram da melhor forma. Tudo o que fazemos, fazemos normalmente e naturalmente de forma estruturada. Fazemos aquilo que pensamos que é o melhor para a instituição que representamos", começou por referir Carlos Pereira.

Sou há 23 anos o mais alto responsável pela instituição e tenho feito aquilo que entendo, junto daqueles que me rodeiam, ser o melhor para a instituição. Muitas das vezes há coisas que dão menos certo e há outras que dão certo. Tenho a certeza que temos feito mais e melhor e muitas vezes bem do que menos bem, e por isso o nosso histórico fala por si. Carlos Pereira, presidente do Marítimo

Ao afirmar que "se fosse assim tão mau as coisas não teriam corrido tão bem", em alusão à sua presidência, Carlos Pereira destacou posteriormente que "há três marcos muito importantes na vida" do Marítimo. E incluiu-se numa dessas etapas.

"O primeiro marco é feito por Cândido Gouveia e Joaquim Pontes, na fundação desta instituição, com estas cores maravilhosas. Temos uma segunda marca, com Bacili e Vieira da Luz, quando se faz o Campo da Imaculada Conceição. E outro, este que aqui está, Carlos Pereira", que "criou um património invejável" e que "teve a capacidade de manter ao longo destes anos todos", a equipa na I Liga desde quando entrou na instituição "em 1984", ano em que os verde-rubros subiram à Primeira Divisão.

Agora está muito na moda fazermos termos comparativos e, normalmente, isso acontece quando há resultados menos bons. Começa a pressão sobre a equipa e queremos que a equipa esteja preparada única e exclusivamente para jogar e não ter essa pressão, sem ser a pressão do futebol. Carlos Pereira, presidente do Marítimo

Prosseguindo nos termos comparativos com o passado, Carlos Pereira fez questão de fazer uma analogia com 1994/1995, época em que o Marítimo jogou frente à toda poderosa Vecchia Signora.

"Jogámos uma vez com a Juventus e parece que o Marítimo nunca fez outra coisa senão jogar contra a Juventus, mas fez. Eu tenho sete presenças e uma fase de grupos na Liga Europa, em contraponto com duas anteriores. Duas finais da Taça da Liga, em contraponto, mas também não havia essa competição. Uma presença na final da Taça de Portugal e também uma presença nas anteriores", recordou.

Não vou deixar uma herança tão pesada igual àquela que recebi. Vou deixar uma herança bem mais positiva e vou deixar uma herança com um património invejável na Região Autónoma, onde se inclui uma das boas infra-estruturas a nível nacional e até nível internacional. Carlos Pereira, presidente do Marítimo

Defesa a Rúben Macedo e "época atípica"

Reforçando que o Marítimo “respira uma saúde boa e respira saúde naquilo que é a sua parte desportiva”, o dirigente diz que se orgulha dos profissionais que tem, “sem execpção, mesmo após todas as críticas sobre um jovem”, neste caso Rúben Macedo, “que teve a infelicidade de fazer um penálti no último jogo”.

“É um trabalhador incansável e é um atleta que dá tudo. Estamos aqui para vos dizer que temos a consciência tranquila e acreditamos que aquele é um acidente de percurso, como muitos acidentes têm acontecido esta época”, mencionou, justificando os recentes maus resultados dos insulares com esta “época atípica”.

“O Marítimo perdeu, momentaneamente, as duas referências desta equipa. O Zainadine, que ficou infectado e ficou muito tempo fora da equipa, e o Rodrigo Pinho, que estava num ano muito bom e que deixou de dar o seu contributo”, evidenciou, acrescentando que essas ausências criaram “instabilidade” no grupo.

O Marítimo, último classificado da I Liga, desloca-se este domingo a Portimão para defrontar o Portimonense, que ocupa a 13.ª posição do campeonato, em jogo alusivo à 21.ª Jornada.