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Pressão na saúde com inversão de tendência devido a aumento de cuidados intensivos

Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP

A pressão da pandemia da covid-19 nos serviços de saúde é reduzida em Portugal, mas apresenta agora uma inversão da tendência, confirmada pelo aumento de internamentos em cuidados intensivos, alerta a análise de risco hoje divulgada.

"A pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são reduzidos, mas com inversão de tendência, dado que se observa já um aumento no número de internamentos em unidades de cuidados intensivos", refere o relatório das "linhas vermelhas" da pandemia.

O relatório anterior, de 29 de outubro, já admitia que essa pressão sobre os serviços de saúde pudesse evoluir para uma "fase de crescimento nos internamentos" em UCI, o que é confirmado pelos dados agora divulgados.

Na última quarta-feira, estavam internados em cuidados intensivos 73 doentes, o que correspondia a 29% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas nessas unidades, valor superior aos 24% da semana anterior.

"Nas últimas semanas, este indicador tem vindo a assumir uma tendência crescente", adianta o documento da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), avançando que o grupo etário com maior número de internados em UCI é o dos 60 aos 79 anos, "apresentando uma clara tendência crescente", assim como a faixa etária dos 40 aos 59 anos.

Quanto à mortalidade específica por covid-19, situa-se nos 6,4 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes e apresenta uma tendência decrescente, valor inferior ao limiar de 20 óbitos definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).

A análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica do SARS-CoV-2 de intensidade reduzida, com tendência crescente a nível nacional, mas nenhuma região apresentou uma incidência superior ao limiar de 240 casos em 14 dias por 100 mil habitantes.

Em comparação com os valores apresentados no último relatório, o valor médio do índice de transmissibilidade (Rt) diminuiu em todas as regiões do continente: o Norte passou de 1,05 para 1,01, o Centro de 1,10 para 1,06, Lisboa e Vale do Tejo de 1,10 para 1,04, o Alentejo de 0,98 para 0,87 e o Algarve de 1,06 para 1,05.

Com um Rt de 1,04 a nível nacional, as "linhas vermelhas" estimam que, a manter-se esta taxa de crescimento, o limiar de 240 casos em 14 dias por 100 mil habitantes possa ser ultrapassado em dois a quatro meses, quando na semana anterior este prazo era mais curto, entre um a dois meses.

A proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 2,8%, superior aos 2,3% na semana anterior, mas abaixo do limiar definido de 4%, indica ainda o relatório, que confirma que a variante Delta continua a ser dominante em todas as regiões, com uma prevalência de 100%.

"Circulam atualmente diversas sublinhagens da variante Delta. Entre estas, a sublinhagem AY.4.2 tem suscitado particular interesse na comunidade científica internacional devido à sua crescente frequência no Reino Unido nas últimas semanas. Em Portugal, foram detetados até à data 10 casos associados a esta sublinhagem, sendo que a análise genética indica que estes casos, registados entre 24 de agosto e 19 de outubro, representam várias introduções independentes", refere.

A covid-19 provocou pelo menos 5.028.536 mortes em todo o mundo, entre mais de 248,54 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.193 pessoas e foram contabilizados 1.095.337 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.