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Quem muito se agacha…

No passado dia 17 de novembro, decorria na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, a discussão de um diploma do JPP que abordava a problemática das listas de espera e a necessidade premente de se tornar pública a constituição da comissão de acompanhamento às listas de espera, de acordo com os estatutos do SESARAM, e que segundo a coligação PSD/CDS está criada, mas ninguém conhece, nem existe qualquer documento público com a nomeação ou eleição, dos respetivos elementos.

Um debate marcado pela atitude reincidente do PSD, pela boca de uma deputada bem conhecedora da realidade da saúde na Região, acusar os partidos da oposição de estarem a exagerar quando dizem que existe muito a fazer na área da saúde, que as listas de espera constituem um problema grave que o Governo Regional há anos que diz que vai resolver, mas que não resolve e que os problemas na Saúde são anteriores à pandemia que vivemos. Por outras palavras (números), 118 mil atos médicos (consultas de especialidade, exames e cirurgias) em lista de espera, não é bom sinal! É a prova de que se tem de fazer, obrigatoriamente, mais e melhor pelos nossos utentes/doentes!

Defende a coligação PSD/CDS que está tudo normal na saúde e que os problemas no setor não são aqueles que os doentes experienciam quando estão internados ou que dizem quando estão há 7,8 e até 10 anos à espera de uma cirurgia! Para a coligação tudo isto são exageros!

A admiração vai para um “novo CDS” que aprendeu muito rapidamente com o PSD. Passou de “reivindicativo” a “passivo”, deixando cair por terra todas as suas reivindicações relativamente à saúde na Região Autónoma da Madeira. Em 2019 - antes de fazer parte do Governo Regional – criticou veemente o PSD por este ter chumbado todos os nomes propostos pelo CDS (individualidades conhecedoras da realidade da saúde na Região) para serem ouvidos no âmbito de uma comissão requerida pelo próprio CDS, para abordar e discutir o problema das listas de espera. Agora, este “novo CDS” - pelas opções de votação e intervenções em defesa do “seu” Governo Regional - diz que afinal a ausência de respostas para as extensas listas de espera já não contribui para o descrédito da população no Sistema Regional de Saúde, como anteriormente inúmeras vezes afirmou no Parlamento Regional. Só faltou louvar as palavras do Sr. Secretário da Saúde quando disse que os problemas da Saúde na Região, denunciados pela comunicação social, eram “erros jornalísticos”. Considerou o Sr. Secretário que os diversos episódios de falhas no setor da saúde, de faltas de médicos e de medicamentos, bem como de diversos materiais clínicos, acontecimentos reais e concretos, são “erros jornalísticos”! As conclusões desta afirmação ficam para o leitor!!!

De regresso ao debate em plenário, do passado dia 17 de novembro, a Sra. deputada que defendia veemente (?) (mas de forma não convincente!) o “seu” PSD, afirmou que tudo estava a funcionar muito bem na saúde e que a oposição é que exagera. No entanto, seria de todo interessante que a Sra. deputada explicasse porque é que os médicos de Medicina Geral e Familiar (e outros), quando têm de encaminhar os doentes para uma consulta de especialidade, um exame ou alguma cirurgia, começam (na maior parte das vezes) por falar na eventualidade do utente recorrer ao particular ou privado para resolver o seu problema de saúde? Não será porque sabem, perfeitamente, que no público o doente irá entrar numa extensa lista de espera e que levará meses ou anos e anos até ser chamado? Ou será que a Sra. deputada considera que existe alguma concertação entre o setor público e o setor privado para que os doentes sejam encaminhados, preferencialmente, para o privado? E pagar, bem pago, para solucionar o seu problema de saúde!

Questões e inquietações que os utentes gostariam de saber a resposta. Mas o Governo Regional, de coligação PSD/CDS, não quer que os utentes saibam! Estes governantes continuam a achar que os utentes não precisam estar esclarecidos e como exemplo está o facto de não ser criado, nem regulamentado, o tempo máximo (tempos máximos de resposta garantida) para o doente estar em lista de espera!

Infelizmente o PSD vê a Saúde na Região como um “item” essencial para a avaliação da popularidade dos políticos regionais e por isso (como afirmou em plenário a Sra. deputada, por duas vezes) importante é o Sr. Secretário da Saúde ser avaliado como o político mais popular na Região!