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Almirante António Silva Ribeiro expressa "profunda tristeza" mas afirma que "Forças Armadas não são aquilo"

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RODRIGO ANTUNES/LUSA

O chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) expressou hoje "profunda tristeza" por haver militares e ex-militares suspeitos na Operação Miríade, que investiga tráfico de diamantes, ouro e droga, mas enquadrou este caso como um "fenómeno restrito".

"O que eu sinto é evidentemente uma profunda tristeza e manifesto o meu profundo repúdio por aquilo que foi o comportamento daqueles militares e ex-militares na República Centro-Africana. Eu não me sinto envergonhado, porque as Forças Armadas não são aquilo. Eu sinto-me é orgulhoso do extraordinário trabalho que os militares fazem", afirmou o almirante António Silva Ribeiro.

Em declarações à comunicação social, no final de uma cerimónia militar junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Lisboa, o CEMGFA relatou que teve conhecimento "destes indícios" em dezembro de 2019, que envolviam "dois militares, eventualmente dois militares", que na altura "já não estavam na República Centro-Africana, e portanto as missões continuaram a decorrer com toda a tranquilidade".

O almirante Silva Ribeiro referiu que desconhecia "os desenvolvimentos, aliás, como deve ser, do processo judicial" -- que já levou à detenção de onze pessoas, incluindo militares, um advogado, um agente da PSP e um guarda da GNR -- e que "nunca houve a perceção, logo de início, de que o problema fosse desta dimensão".

"Evidentemente que agora cabe à justiça averiguar os factos e aplicar as leis relativamente àqueles que eventualmente tenham cometido crimes", acrescentou.

O CEMGFA realçou que "este tipo de comportamentos é absolutamente intolerado nas Forças Armadas" e que tudo será feito "para corrigir este tipo de desvios", com eventuais consequências "de natureza disciplinar", uma vez "averiguadas as circunstâncias relativas aos militares".

O almirante Silva Ribeiro deixou uma mensagem de orgulho no "trabalho abnegado e competente" dos militares portugueses, defendendo que não se pode "misturar aquilo que é o comportamento eventualmente desviante de alguns militares com aquilo que tem sido ao longo da história os brilhantíssimos serviços que as Forças Armadas têm feito por Portugal e pelos portugueses".

Interrogado sobre potenciais efeitos externos deste caso, o CEMGFA considerou que nas Nações Unidas e na República Centro-Africana existe a perceção de que "isto foi um fenómeno localizado com um grupo restrito de militares naquela ocasião e que este fenómeno nunca mais se repetiu desde aí para cá".

"As nossas forças na República Centro-Africana gozam de um tal prestígio pelos atos heroicos que têm feito na defesa da vida das populações que aquilo que eu tenho visto na República Centro-Africana são ovações às nossas tropas sempre que elas passam. E, portanto, eu tenho a certeza de que os cidadãos da República Centro-Africana, tal como nós, saberemos bem distinguir aquilo que foi o comportamento incorreto, eventualmente criminoso, de alguns militares daquilo que é o trabalho abnegado, esforçado, heroico, direi mesmo, das nossas forças militares na República Centro-Africana", declarou.