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Emirados Árabes Unidos anunciam retirada dos seus diplomatas do Líbano

As declarações do ministro da Informação libanês George Kordahi estão a gerar divergências diplomáticas nos países árabes.   Foto EPA/YAHYA ARHAB
As declarações do ministro da Informação libanês George Kordahi estão a gerar divergências diplomáticas nos países árabes.   Foto EPA/YAHYA ARHAB

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) anunciaram no sábado a retirada dos seus diplomatas do Líbano, em "solidariedade" com a Arábia Saudita, depois das declarações do ministro libanês a criticar a intervenção saudita na guerra do Iémen.

"Estamos a retirar os nossos diplomatas do Líbano", indicou o ministério dos Negócios Estrangeiros, num comunicado no seu 'site' oficial, acrescentando que os cidadãos dos Emirados não serão autorizados a viajar para o Líbano.

Esta decisão expressa "a solidariedade dos Emirados com o reino (saudita) à luz da posição inaceitável de certos responsáveis libaneses em relação à Arábia Saudita", de acordo com um responsável emirati.

Os EAU juntam-se assim à Arábia Saudita, Bahrein e Kuwait no boicote contra o Líbano que teve início na sexta-feira, embora ao contrário destes três países, Abu Dhabi não tenha anunciado a expulsão de qualquer representante diplomático libanês do seu país.

A Expo 2020 Dubai arrancou em 01 de outubro, no Dubai, Emirados Árabes Unidos, onde o Líbano está representado com um pavilhão.

Os Emirados são o único país do Golfo que anunciou a retirada dos seus diplomatas do Líbano, enquanto os restantes chamaram os seus respetivos embaixadores para consultas.

Na sexta-feira, a Arábia Saudita ordenou ao embaixador libanês para abandonar o território em 48 horas e interrompeu todas as importações ao Líbano, além de convidar o seu representante em Beirute para regressar, informou a imprensa oficial.

A decisão ocorreu alguns dias após um vídeo que circulou nas redes sociais mostrar o ministro da Informação libanês, George Kordahi, a descrever a guerra no Iémen como uma agressão da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

Kordahi proferiu a afirmação num programa de televisão antes de ser escolhido para o cargo, em setembro.

O ministro tem ligações de proximidade ao Movimento Christian Marada, um aliado próximo do grupo paramilitar Hezbollah, apoiado pelo Irão, que a Arábia Saudita inclui na sua lista de organizações terroristas.

As relações entre a Arábia Saudita e o Líbano têm sido tensas nos últimos meses, devido ao que o reino saudita considera ser o controlo daquele pequeno país pelo Hezbollah.

Depois da Arábia Saudita, o Bahrein tomou uma posição similar e deu ao embaixador do Líbano 48 horas para deixar o país devido a uma série de "comentários ofensivos e inaceitáveis" proferidos por Kordahi, e o Kuwait avançou hoje no mesmo sentido.

Entretanto, o Governo libanês formou uma célula de crise para resolver este tema e garantiu que não é o momento para qualquer membro do Executivo renunciar devido à grave crise no Líbano.

A Liga Árabe expressou também hoje a sua profunda preocupação pela deterioração das relações entre o Líbano e o Golfo.