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Condenado à morte por assassinar três mulheres é última execução no mandato de Trump

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Um homem condenado pelas mortes de três mulheres num refúgio de vida selvagem no estado norte-americano do Maryland, em 1996, será o último recluso federal a ser executado no mandato do Presidente cessante, Donald Trump.

Dustin Higgs, 48 anos, será executado hoje na prisão federal de Terre Haute, no estado do Indiana, pelas 20:00 locais (01:00 de sábado em Lisboa).

Os advogados afirmam que ninguém alega que Higgs terá pressionando o gatilho da arma que matou Tamika Black, 19 anos, Mishann Chinn, 23 anos, e Tanji Jackson, 21 anos, e argumentam que a decisão de executar o seu cliente é "arbitrária e injusta".

Os advogados reforçam que Willis Haynes, o homem que disparou contra as três mulheres, foi apenas condenado a pena de prisão perpétua.

O juiz federal que presidiu ao julgamento de Higgs, há duas décadas, diz que este tem "pouca compaixão".

"Recebeu um julgamento justo e foi condenado e sentenciado à morte por um júri unânime devido a um crime desprezível", escreveu o juiz Peter Messitte em 29 de dezembro, citado pela Associated Press.

Higgs será o 13.º e último preso federal executado desde julho, quando Trump acabou com um intervalo de 17 anos da pena de morte federal.

Shawn Nolan, um dos advogados de Higgs, diz que há uma agenda política clara nestas execuções federais sem precedentes. A de Higgs está marcada para dias antes da tomada de posse do Presidente eleito, o democrata Joe Biden.

Um porta-voz de Biden afirmou que o democrata é contra a pena de morte e trabalhará para pôr fim à sua utilização.

"No meio da pandemia e de tudo o que se passa neste momento no país, parece uma loucura avançar com estas execuções", disse Nolan recentemente, acrescentando que o seu cliente "não disparou contra ninguém, não matou ninguém".

Um pedido de clemência apresentado em 19 de dezembro diz que Higgs tem sido um prisioneiro exemplar e um pai dedicado ao seu filho, nascido pouco depois da sua detenção. O pedido afirma que Higgs teve ma infância traumática e que este perdeu a sua mãe devido a um cancro quando tinha 10 anos.

"A difícil educação de Higgs não foi significativamente apresentada ao júri no julgamento", escreveram os advogados.

Higgs foi condenado em outubro de 2000 pelo homicídio em primeiro grau das três mulheres, tendo a sua pena de morte sido a primeira imposta no Maryland -- estado que aboliu a pena de morte em 2013 -- na era moderna do sistema federal.

Higgs tinha 23 anos na noite de 26 de janeiro de 1996, quando este, Haynes e um terceiro homem, Victor Gloria, se encontraram com três mulheres em Washington, DC, e todos se dirigiram para o apartamento de Higgs, em Laurel, no Maryland, para ouvirem música e beberem álcool.

No entanto, ainda durante a noite, uma discussão entre Higgs e Tanji Jackson levou-a a pegar numa faca de cozinha antes de Haynes a persuadir para que a largasse.

Victor Gloria disse que Jackson fez ameaças ao sair do apartamento com as outras mulheres e surgiu, depois, para registar a matrícula da carrinha de Higgs, algo que o terá deixado enfurecido.

Os três homens perseguiram as mulheres na carrinha de Higgs e Haynes persuadiu-as para entrarem na carrinha.

No entanto, em vez de as levar para as suas casas, Higgs transportou-as até a um local isolado no Refúgio Nacional de Vida Selvagem Patuxent, em Laurel.

"Ciente de que algo estava errado, uma das mulheres perguntou se teriam de 'caminhar daqui' e Higgs respondeu 'algo do género'", segundo uma decisão de um tribunal de recurso que manteve a pena de morte de Higgs.

Segundo Victor Gloria, Higgs deu então a sua pistola a Haynes, que disparou contra as três mulheres fora da carrinha.

De acordo com uma decisão de um painel de juízes que analisou o caso em 2013, "Gloria virou-se para perguntar a Higgs o que estava a fazer, mas viu Higgs a segurar o volante e a ver os disparos pelo espelho retrovisor".

No local dos homicídios, os investigadores encontraram a agenda de Jackson, onde esta tinha uma alcunha de Higgs, assim como o seu número de telefone, morada e matrícula da sua carrinha.

O júri que condenou Haynes não alcançou um veredicto unânime para a imposição da pena de morte contra este. No entanto, um júri diferente considerou Higgs culpado e atribuiu-lhe a pena de morte. Por se ter declarado culpado como cúmplice dos assassinatos, Gloria foi condenado a sete anos de prisão.

Higgs argumenta que a sua pena de morte tem de ser descartada porque os jurados não consideraram a sentença de Haynes a prisão perpétua como um "fator atenuante".

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