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Mais de 157 mil apagões eléctricas em 2020 na Venezuela

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A Venezuela registou 157.719 apagões e falhas elétricas entre janeiro e dezembro de 2020, segundo dados divulgados hoje pela organização não-governamental Comité de Afetados pelos Apagões (CAPA), que prevê "muitas dificuldades" no abastecimento de eletricidade ao longo de 2021.

"Fechámos 2020 com 157.719 falhas, algo nunca visto no país. Já se antevê que 2021 será um ano de muitas dificuldades em matéria elétrica", disse a presidente da CAPA aos jornalistas.

Segundo Aixa Lopez, desde 01 de janeiro de 2021 continuam a registarem-se falhas diárias no interior do país e em Caracas, algumas delas afetando várias regiões.

O Estado venezuelano onde se registam mais falhas no abastecimento de eletricidade é Zúlia, seguido por Táchira, Mérida, Trujillo, Barinas e Portuguesa, "e a resposta (das autoridades) tem sido sempre a mesma, ou seja, nenhuma", salientou.

Aixa López denunciou que mesmo sem ter uma melhoria no serviço elétrico, os clientes apanharam com "um aumento nas tarifas de energia elétrica de 300%".

Por essa razão, insiste que "não se justifica neste momento aumentar os preços, comerciais e residenciais quando as falhas persistem", recordando que com a pandemia de covid-19, "as empresas não funcionam a 100%".

"Inclusive, nos primeiros 10 dias de 2021, registaram-se falhas constantes, não apenas em Caracas, mas a nível nacional, com regiões sem serviço elétrico entre 12 a 14 horas diárias", disse.

A presidente do CAPA explicou ainda que "em Caracas continuam as descidas (de voltagem) que afetam os eletrométricos" e que há localidades da capital que registam até 10 quedas de voltagem durante o dia.

El Recreo, Altagracia, La Pastora, San Bernardino, La Candelária e El Valle, são as localidades da zona da capital com mais quedas de voltagem, seguidos pelo municípios de Baruta, Chacao e El Hatillo, do vizinho Estado de Miranda, que faz parte do leste de Caracas.

"Lamentavelmente chegámos a 2021, com a mesma desculpa, de que as falhas são um problema de sabotagem, que foram os americanos e (as autoridades) não se focam nos problemas", disse.

Em 05 de janeiro último um apagão deixou a cidade de Caracas e pelo menos dez Estados da Venezuela parcialmente às escuras, com as autoridades do país a denunciarem um novo ataque ao sistema elétrico do país.

Segundo as rádios locais e utilizadores das redes sociais, o primeiro apagão de 2021 afetou os Estados de Miranda, Arágua, Lara, Carabobo, Zúlia, Bolívar, Sucre, Táchira, Vargas e Nova Esparta.

"Sofremos um ataque contra o sistema elétrico nacional, hoje, 05 de janeiro, que afetou o sistema de transmissão de Pátio Guri (a principal central hidroelétrica do país, situada a 680 quilómetros a sudoeste de Caracas) e originou a perda de carga (energia) em setores da cidade capital e em outros estados do país", anunciou a vice-Presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, na sua conta do Twitter.

Em 07 de março de 2019, ocorreu o maior apagão da história da Venezuela: uma falha na Central Hidroelétrica Simón Bolívar deixou o país totalmente às escuras durante cinco dias.

Um ano depois, em 25 de março de 2020, voltou a registar-se outro grande apagão que afetou pelo menos 16 Estados e parte do Distrito Capital.

A 06 de maio de 2020, 19 dos 24 Estados da Venezuela ficaram total ou parcialmente às escuras devido a um apagão que afetou também a Internet e as comunicações telefónicas.

E treze dias depois um apagão voltou a deixar a cidade de Caracas e mais de metade do país às escuras.

A 12 de outubro de 2020, sete Estados (Carabobo, Arágua, Vargas, Zúlia, Lara, Yaracuy e Miranda) ficaram às escuras.

A 04 de novembro de 2020, pelo menos 13 regiões (Distrito Capital, Lara, Falcón, Guárico, Carabobo, Zúlia, Arágua, Miranda, Portuguesa, Mérida, Táchira, Trujillo, Yaracuy e inclusive no Estado de La Guaira) ficaram parcialmente às escuras, com os clientes a queixarem-se de súbitas variações no abastecimento da eletricidade e a recear avarias nos equipamentos domésticos.

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