Madeira

Fecho dos centros de dia convoca famílias a maior compromisso

Instituições voltam-se sobretudo para os que vivem sós

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Foto Shutterstock

Os centros de dia vão deixar de funcionar mas o apoio vai continuar a ser prestado dentro do possível aos utentes, esse é o compromisso pelo menos por parte do Centro de Dia de Santana e do Centro de Dia de Santa Cecília, em Câmara de Lobos. Se o primeiro está integrado numa estrutura que já tem habitualmente serviços associados que nesta fase facilitam essa adaptação, como a confecção e distribuição de refeições ao domicílio e apoio de lavandaria e cuidados de higiene, o segundo, a ter em conta o que aconteceu na última interrupção da actividades, ajustar-se-á para dar resposta à nova realidade. Certo é, no entanto, que as famílias são chamadas a um maior compromisso.

A notícia de que a actividade dos centros de dia será suspensa a partir de sexta-feira está hoje na edição do DIÁRIO.  Rui Moisés vê a medida como positiva nesta fase. “Concordamos 100% com a medida porque trabalhamos com as pessoas há muito tempo, conhecemos as pessoas e sabemos da fragilidade”. As dificuldades acrescidas de quem gere o serviço são menorizadas face à importância de proteger os idosos, os técnicos e as famílias, que acredita ficam assim mais seguras.

A maior parte dos utentes tem autonomia e estes são os que passam melhor por esta mudança, conseguem ir ao supermercado, alguns tratar das suas refeições. Outros contam com o apoio familiar, ainda que em alguns casos ajudados pelas estruturas. Mas até nestes casos reconhece que as pessoas ficam tristes, porque ficam sozinhas, os familiares vão trabalhar, e perdem o convívio e a rotina.

Há ainda os restantes utentes, que não têm família com que contar ou que não têm autonomia, que obrigam a uma coordenação com outros serviços de apoio, nomeadamente da Segurança Social, para garantir que não ficam sós, isolados e esquecidos.

No caso de falta de autonomia, “as famílias têm que encontrar uma alternativa, uma solução”, admite. Nós obviamente que não deixamos as pessoas, os nossos utentes, entregues”. As ajudantes domiciliárias da associação e através da Segurança Social que disponibiliza no concelho as ajudantes informais procuram chegar a quem não tem rede de suporte. “Nessas situações também se contacta a Segurança Social a dizer ‘Atenção, é preciso deitar um olhar porque essas pessoas vão estar só durante estes dias’. E fazemos a articulação nos casos em que seja mais necessário”.

A Associação Santana Cidade Solidária vai alargar o serviço de refeições ao domicílio aos utentes do centro de dia que necessitem, conta entregar para além das 100 habituais mais umas 20.

“Nós temos estas respostas sociais, é mais fácil de articular”, reconheceu Rui Moisés, embora do ponto de vista dos recursos humanos e da logística se torne um pouco mais complicado.

Renata Barros ainda não sabe bem como é que as coisas se vão processar, teve conhecimento da notícia ontem mas acredita que tendo em conta a suspensão anterior, os idosos irão para as suas famílias, que serão contactadas.

A preocupação maior são os idosos que vivem sós. A esses deram apoio ao nível das refeições. Um funcionário encarregou-se ainda de assegurar o serviço de supermercado e farmácia para essas pessoas. “Aquelas famílias que tinham meios, então faziam”, conta a coordenadora.

De qualquer forma, contou, procuraram ligar regularmente para saber como estavam os agregados a lidar com a nova realidade e simultaneamente distribuíram propostas de actividades para os utentes desenvolverem no período em que ficaram em casa. “Eu ia entregava, colocava na portada. Depois ia buscar quando terminavam. Estava sempre em contacto. Até porque não sabíamos até quando é que ia”.

Tiveram apenas um caso mais complicado. Nesse caso, em articulação com a Segurança Social e o centro de saúde, arranjaram uma alternativa, uma vizinha para olhar pela senhora, enquanto diariamente passavam pela casa e asseguravam as refeições.

A maior parte ficou a cargo das famílias, contou, encarregando-se a equipa do centro de dia de apoiar e manter a ligação, a presença.

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