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Identificados biomarcadores que detectam maior risco de cancro da mama

Tomografia computadorizada ajuda a prever, também, o cancro do pulmão

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Cerca de quinze investigadores de instituições de saúde espanholas identificaram cinco biomarcadores (microRNAs) que detetam, com uma amostra de sangue, mulheres com maior risco de cancro da mama, foi hoje anunciado.

A investigadora Matilde Lleonart explicou, numa entrevista à agência Efe, que saber quais as pessoas com maior risco de desenvolver cancro da mama permitiria uma monitorização mais exaustiva e a deteção precoce de uma possível formação futura de tumores.

Em Espanha, uma em cada oito mulheres desenvolverá cancro da mama invasivo durante a sua vida.

Para melhorar a sobrevivência destas pacientes, os investigadores do estudo encontraram um conjunto de cinco biomarcadores no sangue, conhecidos como microRNAs, que permitem conhecer o risco personalizado de ter cancro da mama.

MicroRNAs são um tipo de pequenas moléculas responsáveis por inativar alguns genes e impedir que algumas proteínas se expressem nas células.

Estudos anteriores já demonstraram a sua relação com o desenvolvimento de certos tipos de cancro, mas até agora não existia um modelo preciso para prever o risco de cancro da mama, disse Lleonart.

O objetivo do estudo era detetar o cancro a um nível molecular no sangue antes do aparecimento dos seus sintomas ou antes de poder ser detetado por testes convencionais.

Para realizar o estudo, os investigadores obtiveram tecido tumoral e normal, assim como soro de 96 doentes com cancro da mama e compararam-no com soro de 92 pacientes saudáveis.

Em todos eles foram analisados até 30 microRNAs, que em estudos anteriores tinham sido observados como sendo capazes de diferenciar tecido normal e tecido tumoral.

O procedimento pode ajudar a prever o tipo de acompanhamento mais adequado às diferentes pacientes, evitando técnicas mais agressivas quando não se justifica.

No estudo participaram cientistas do Vall d'Hebron Research Institute (VHIR), do Vall d'Hebron Institute of Oncology (VHIO), do CAP Vallcarca-Sant Gervasi em Barcelona, do IOB Oncology Institute e da Clínica Universitária de Navarra, tal como a CIBERONC, composta por 50 grupos de investigação de 27 instituições integradas num consórcio de hospitais, universidades e centros de investigação de toda a Espanha.

Os resultados do estudo, coordenado por Matilde Lleonart, foram publicados na revista Frontiers in Oncology.

Tomografia computadorizada ajuda a detetar precocemente o cancro do pulmão

A tomografia computadorizada pode ser uma ferramenta útil para o diagnóstico atempado do cancro do pulmão, a neoplasia mais letal na América Latina, que causa anualmente cerca de 60.000 mortes na região, segundo estudo divulgado hoje.

"Nos últimos anos, a tomografia computadorizada tem sido estudada em pessoas com maior risco de cancro do pulmão, uma vez que pode ajudar a detetar áreas anormais nos pulmões que podem ser cancerosas", explicou o cirurgião oncológico Francisco Corona, no Dia Mundial do Cancro do Pulmão, que se celebrou em 17 de novembro.

O médico, ligado ao Departamento de Cirurgia Torácica e à Unidade Funcional de Oncologia Torácica do Instituto Nacional de Cancerologia do México (INCan), disse que este estudo também pode ajudar a detetar pessoas com maior risco de desenvolver este tipo de neoplasia.

"A utilização deste estudo como teste de rastreio em pessoas com maior risco de cancro do pulmão salvou mais vidas do que as radiografias ao peito e, no caso de pessoas com maior risco, se realizado anualmente, ajuda a reduzir o risco de morrer de cancro do pulmão", frisou.

Francisco Corono explicou que este é um estudo indolor e não leva mais de 30 minutos a realizar.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), no México o cancro do pulmão ocupa o sétimo lugar pela sua frequência, causando 7.811 novos casos por ano, e é a principal causa de morte por cancro, uma vez que 86% das pessoas atingidas morrem dessa causa (7.044 mortes).

"Isto exige tanto um diagnóstico atempado como o acesso a tratamentos inovadores que aumentem a esperança de vida dos pacientes", acentua o cirurgião.

O especialista salientou que este neoplasma continua a ser o mais agressivo e mortal do mundo, registando um aumento na sua incidência de 30% na última década, e que apenas entre 5% a 8% dos casos são detetados em fases iniciais.

Corono acrescentou que entre os problemas graves que interferem com a incapacidade de diagnosticar atempadamente a doença estão os mitos que a rodeiam.

"Pensa-se que é exclusivo dos fumadores, que ocorre em pessoas mais velhas e que os doentes são estigmatizados, porque quando são fumadores chegam a pensar que merecem ter cancro", refere o especialista.

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