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Sanções dos EUA aumentaram pobreza na Venezuela

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O Escritório de Washington para Assuntos Latino-Americanos (WOLA) instou hoje o Governo dos EUA a suspender as sanções à Venezuela, alertando que fizeram aumentar a desigualdade e pobreza, sem conseguir o propósito de afastar o Presidente Nicolás Maduro.

"O Governo dos EUA deve reconsiderar as sanções e restringir o seu uso em vista da emergência humanitária na Venezuela. Enquanto as elites económicas, políticas e militares que apoiam o Governo autoritário da Venezuela parecem estar isoladas dos efeitos dessas sanções, elas estão afetando cada vez mais a população do país", lê-se num relatório do WOLA.

O documento, divulgado na Internet, explica que para as autoridades americanas "as sanções seriam medidas de curto prazo que provocariam uma transição democrática rápida" mas "prejudicaram mais o povo do que o governo e, dessa forma, fortaleceram Maduro" e por isso "é hora de os EUA as reconsiderarem".

"A queda na produção de petróleo, na Venezuela, teve origem em anos de má gestão e corrupção e agravou-se sob o governo autoritário de Nicolás Maduro. Mas, mesmo supondo que a queda média mensal na produção de petróleo durante o período pré-sanções tenha continuado ou duplicado, as sanções norte-americanas (desde 2017) causaram a perda de entre 17.000 milhões e 21.000 milhões de dólares (entre 14.530 e 17.949 milhões de euros) de receita para o Estado venezuelano", acrescenta-se no documento.

Segundo o WOLA, a queda da receita petrolífera coincide "com as estimativas do ex-assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, que disse, em 2019, que as sanções americanas provocariam uma perda de mais de 11.000 milhões de dólares (9.401 milhões de euros) anuais ao Estado venezuelano".

O relatório explica que as sanções afetam a população venezuelana mais vulnerável e que "embora essas não restrinjam explicitamente a importação de alimentos e medicamentos, a economia venezuelana depende fortemente das receitas do petróleo como fonte de divisas para que empresas privadas e públicas possam importar os produtos necessários".

"As sanções dos EUA contribuíram para uma queda acentuada nas importações venezuelanas (...) o valor médio das importações públicas mensais diminuiu 46%, para 500 milhões de dólares (427 milhões de euros) em 2019 e mais 50%, para 250 milhões de dólares (213 milhões de euros) em 2020", adianta.

Segundo o relatório, "uma aversão ao risco levou bancos e instituições financeiras que operam na Venezuela a cumprirem de forma excessiva as sanções. O resultado foi que grupos de Direitos Humanos, organizações humanitárias e empresas privadas viram as suas contas bancárias fechadas e transações legítimas negadas ou congeladas por longos períodos de tempo".

Segundo o WOLA, os promotores das sanções dizem "que não tiveram um impacto geral porque todas as receitas pré-sanções foram roubadas pelas elites atualmente no poder, mas isso é falso. Embora o setor público esteja repleto de corrupção, grande parte da receita de então foi usada para facilitar as importações".

"De facto, uma análise da percentagem da variação nas importações e exportações de petróleo na Venezuela, entre 1998 e 2018, demonstra uma estreita relação entre ambas. Isso significa que as receitas têm sido usadas, desde há muito tempo, para pagar vários produtos, incluindo alimentos, combustível e medicamentos", destaca.

O WOLA é uma organização que investiga e promove os Direitos Humanos no continente americano, com o propósito de impulsionar políticas públicas que reconheçam a dignidade humana e em que a justiça prevaleça sobre a violência.

No passado dia 01 de setembro, o WOLA e outras 115 organizações não governamentais pediram ao Governo dos EUA que se abstivesse de ampliar as sanções contra a Venezuela, nomeadamente restrições à importação de combustível, devido ao impacto negativo que tinham na sociedade civil venezuelana".

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