Maduro converte-se a ditador para garantir preços ao povo
Governo Venezuelano prepara primeiro acordo para venda de petróleo em yuan

A Venezuela está a preparar o primeiro acordo comercial numa moeda sem ser o dólar, anunciou na sexta-feira o vice-presidente venezuelano, Tareck El Aissami.
“Estamos preparados para iniciar acordos comerciais em diferentes moedas (...) estamos preparados para que a Venezuela seja o primeiro país a assinar o primeiro acordo comercial em yuan, para venda de petróleo à China”, disse.
Em declarações ao canal estatal Venezuelana de Televisão (VTV), Tarek El Aissami explicou que o sistema de controlo cambial, que vigora no país desde 2003, deixará de “leiloar” em dólares norte-americanos.
Por outro lado, insistiu que o setor produtivo venezuelano deverá “exigir ao setor bancário privado, que abra filias na Rússia, China, Índia e Europa”, indicando que a banca pública já o fez.
O anúncio tem lugar um dia depois de o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciar que Caracas vai criar um novo sistema de pagamento internacional, com base em várias moedas, em alternativa ao dólar norte-americano.
“A Venezuela vai criar um novo sistema de pagamentos internacional e um cabaz com moedas de livre conversão como o yuan (da China), o euro, o iene (do Japão) e a rupia (da Índia), para nos libertar das amarras do dólar como moeda opressora do nosso país”, disse Nicolas Maduro.
O anúncio aconteceu durante uma sessão especial da Assembleia Constituinte (AC), à qual Maduro apresentou oito leis de matéria económica, como resposta à grave crise que o país atravessa.
“Um novo sistema internacional de pagamentos. Isso é imediato, uma ordem, que já se comece a implementar a todo nível. Esta decisão vai abrir o caminho para um novo sistema monetário, financeiro, internacional, e libertar-nos da chantagem do dólar”, disse.
Entretanto, o chefe de Estado, anunciou, na sexta-feira, durante uma reunião de trabalho transmitida pela televisão estatal, que a Venezuela venderá “petróleo, gás e outros [bens] em rublos, rupias, yuan e outras moedas”.
Nicolás Maduro referiu-se também a algumas das leis, em matéria económica, que apresentou à AC, precisando que o Executivo está a debater um sistema para afixar os preços máximos de venda ao público dos produtos, vincando que jamais os irá liberalizar.
Essas leis fazem parte do Plano Constituinte para a Paz e a Prosperidade Económica, que abrange a Lei de Abastecimento Soberano e Preços Acordados, entre o Executivo, os produtores, importadores, distribuidores e comerciantes, como parte de um “objetivo nacional”.
“Chova, troveje ou relampeje vamos conseguir a paz económica, a prosperidade e a estabilidade dos preços (...) Eu quero fazer (isso)a bem, mas se tiver que fazer a mal e converter-me num ditador para garantir os preços ao povo, vou fazê-lo”, disse.