Arábia Saudita e Paquistão assinam acordo de "defesa mútua"
A Arábia Saudita e o Paquistão assinaram hoje um "acordo estratégico de defesa mútua", comprometendo-se a defenderem-se mutuamente em caso de ataque, dias após o ataque israelita contra o movimento palestiniano Hamas no Qatar.
O acordo assinado entre Riade e Islamabade --- que possui armas nucleares e há quatro meses viveu o seu pior confronto em décadas com a vizinha Índia --- estipula que "qualquer agressão contra um dos dois países será considerada uma agressão contra ambos", segundo a Agência de Imprensa Saudita (SPA).
O acordo foi assinado durante a visita de Estado do primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, a Riade, onde se encontrou hoje com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.
O anúncio foi feito após os ataques israelitas de 09 de setembro contra o Hamas, um ataque sem precedentes que abalou o Qatar e motivou protestos de vários países do Golfo que têm contado com a proteção militar de Washington, seu aliado histórico.
Riade procura diversificar as suas alianças e mantém importantes laços comerciais com a Índia, outra potência nuclear, a par desta aproximação a Islamabade, que emerge de um conflito com Nova Deli.
A Índia é um dos maiores importadores de petróleo bruto do mundo e satisfaz mais de 85% das suas necessidades através de países como o Iraque e a Arábia Saudita, que, em conjunto, representaram 45% das suas importações de petróleo bruto em 2024.
Importa ainda grandes quantidades de petróleo da Rússia, o que motivou recentes sanções comerciais por parte dos Estados Unidos, enquadradas nos esforços para cortar o financiamento à máquina de guerra russa que invadiu a Ucrânia e ameaça o leste da Europa.
Riade esforçou-se por desempenhar um papel mediador durante o recente conflito entre a Índia e o Paquistão, rivais desde a independência e a partição em 1947.
As forças israelitas atacaram uma delegação do Hamas em Doha quando os negociadores do grupo radical palestiniano analisavam uma proposta de cessar-fogo do Presidente norte-americano, Donald Trump.
O ataque matou cinco elementos do grupo islamita, que Israel, EUA e União Europeia consideram como terrorista, além de um polícia do Qatar.
O emir do Qatar afirmou na segunda-feira, numa cimeira de líderes árabes e muçulmanos em Doha, que o ataque israelita teve como objetivo "fazer fracassar as negociações" para travar a guerra.
Os líderes reunidos em Doha apelaram para uma revisão das relações diplomáticas com Israel e pediram a Washington para conter o aliado.
Antes do ataque de 07 de outubro, Israel e Estados Unidos terão incentivado discretamente o papel do Qatar, inclusive permitindo transferências de milhões de dólares para o Hamas, na tentativa de preservar alguma estabilidade na Faixa de Gaza.