A taxa de inflação na Madeira é a mais elevada?
Na segunda-feira, na entrega das listas candidatas às próximas eleições autárquicas, a coordenadora regional do Bloco de Esquerda colocou a tónica da sua intervenção no custo da habitação e chamou a atenção para o preço de viver na Madeira: “Somos a região do país mais cara para viver, somos a região do país onde o custo de vida também é mais caro e a taxa de inflação também é mais cara”, declarou. O ser ou não a região mais cara para viver e a de ter ou não o custo de vida mais elevado não serão aqui analisadas. Vamos verificar a veracidade da declaração em relação à inflação. Terá Dina Letra razão e é a Madeira a região do país onde a subida de preços foi mais acentuada?
A inflação é a taxa que reflecte o aumento generalizado dos preços ao longo do tempo, há inflação quando os preços de muitos dos bens e serviços que compramos aumentam ao mesmo tempo e de forma continuada, define o Banco de Portugal (BdP).
Para o cálculo da taxa de inflação é usado o índice de preços no consumidor, que de forma simples é a quantia paga pelas famílias na aquisição de bens e serviços individuais baseados em transações monetárias. “É apenas uma média ponderada de um conjunto alargado de preços”, explica o BdP. “Os preços de centenas de bens e serviços individuais são combinados em função da sua importância nos gastos das famílias”.
Nesta lista estão despesas com alimentação, saúde, educação, transporte, electricidade, gás e combustíveis, entre várias outras.
A taxa de inflação é apresentada em percentagem, 1% de taxa de inflação, significa que os preços dos bens e serviços subiram em geral 1%. Por exemplo, um cabaz que custava 100 euros passa a custar 101 euros.
Regularmente, o Instituto Nacional de Estatística (INE) acompanha esta variação e torna-a pública. Compara-a por região, com o mês anterior, com o mesmo mês do ano anterior e faz também a média a 12 meses, sendo que a taxa de inflação de Dezembro a 12 meses é considerada a taxa de inflação do ano.
Os dados mais recentes do INE referem-se a Julho deste ano. A Península de Setúbal e a região Oeste e Vale do Tejo são novas regiões incluídas com esta designação e não têm ainda valores de referência para dois dos três prazos analisados, pelo que estas não serão consideradas neste trabalho.
Assim, em Julho, a variação homóloga (Julho 2025 com Julho 2024) do índice de preços no consumidor na Região Autónoma da Madeira foi de mais 3,24%, foi efectivamente a subida mais elevada das sete regiões analisadas, bem como do todo nacional e de Portugal continental, que subiram 2,64%. A grande Lisboa surge em segundo lugar na subida de preços, quando comparamos os dois meses, são 3,09% que pagam a mais. Nos Açores o aumento dos preços foi de 1,73.
Já em relação à variação média a 12 meses - compara o nível do índice médio de preços dos últimos doze meses com os doze meses imediatamente anteriores - a Madeira também surge no topo da lista, tem o índice de preços no consumidor mais elevado. A variação foi de 3,54%, distante dos 2,32% da média nacional e dos 2,30 da média do continente. A região Norte surge em segundo lugar das que mais subiram, com 2,63%. Nos Açores, a variação a um ano é de 2,29.
Na variação mensal, de Junho de 2025 para Julho de 2025, a Madeira sofreu uma variação negativa de 0,20%, foi a menos significativa no conjunto. Nos Açores foi de -0,55%; e a média nacional de -0,35%, o que também é indicativo de que se mantém acima.
Tendo por base esta informação do INE consideramos verdadeira a afirmação de Dina Letra, de que a taxa de inflação é superior na Madeira.