Quando a maioria rejeita o diálogo, penaliza os cidadãos
O PS continuará a fazer o seu trabalho com responsabilidade: fiscalizar, propor e construir soluções
Na última semana parlamentar, o Partido Socialista apresentou seis das suas propostas legislativas. Eram iniciativas sólidas, fruto do contacto direto com a população e instituições da Região, refletindo preocupações reais: listas de espera na saúde, pobreza persistente, apoio a idosos, saúde mental, violência digital e promoção da produção local. Foram todas chumbadas pela maioria PSD/CDS.
Não foram chumbadas por serem desnecessárias, pois os problemas existem e persistem. Foram chumbadas somente porque vinham do Partido Socialista. E isso, num parlamento democrático, é grave.
A função de uma maioria não é apenas governar. É ouvir, dialogar e melhorar as propostas, independentemente de quem as apresenta. E esse bloqueio não castiga o PS, castiga os madeirenses e porto-santenses. Penaliza quem espera meses por uma consulta médica, quem vive com reformas que não chegam para o básico, quem vive em situação de pobreza.
Falar de saúde, educação ou apoios sociais não é um exercício ideológico, é uma responsabilidade transversal a todos os partidos com sentido de Estado. Quando o PSD/CDS rejeita uma auditoria às listas de espera na saúde, está a esconder a realidade em vez de a enfrentar, perpetuando a opacidade num sistema que falha, onde milhares de utentes não têm resposta atempada. Quando chumba uma proposta para garantir de imediato o apoio em medicamentos, próteses ou consultas dentárias aos idosos com baixos rendimentos, está a adiar respostas a quem já vive no limite. Quando rejeita estudar a pobreza ou a saúde mental na Região, opta por manter a ignorância sobre problemas que exigem diagnósticos sérios e políticas eficazes, escolhendo a continuidade das políticas assistencialistas e de pensos rápidos.
Ainda, é igualmente incompreensível a recusa de medidas de prevenção da violência digital e sexual nas escolas, num tempo em que jovens enfrentam riscos reais online. Ou a rejeição de critérios que favoreçam a aquisição de produtos regionais nas cantinas públicas, o que promoveria agricultura local e refeições escolares, hospitalares e sociais mais saudáveis. Novamente, o critério não foi a sua utilidade ou pertinência. Foi a sua proveniência.
Pior: a mesma maioria que fecha a porta ao diálogo com o centro (centro-esquerda), abre espaço ao Chega, viabilizando uma proposta do partido da extrema-direita. Uma inversão de prioridades preocupante numa sociedade democrática, plural e moderada, onde a maioria do eleitorado continua a situar-se no centro político.
O PS continuará a fazer o seu trabalho com responsabilidade: fiscalizar, propor e construir soluções para os verdadeiros problemas da Região. Porque a política deve servir as pessoas, e não os interesses de uma maioria cada vez mais fechada em si mesma.