O PS e o fio de Ariadne
1. O líder do PS Madeira deu uma entrevista à Antena 1 onde fica implícito que não vai ser o partido mais votado. Admissão de derrota.
2. Deduz-se da entrevista, assim, que há outro partido mais votado, que, a ser realista, será o PSD.
3. Deduz-se também que ele espera que o PSD vai ganhar sem maioria.
4. Assim, admite, sem o dizer explicitamente, que está disponível para formar um governo com assente numa maioria parlamentar alternativa ao PSD, caso este partido não obtenha uma maioria parlamentar que complete a sua maioria eleitoral relativa. 4. Assim sendo, o PS deve esclarecer o seguinte:
Sendo o PS o segundo partido mais votado e havendo uma maioria anti-PPD, aceita governar se, dessa maioria, direta ou indiretamente, fizer parte o Chega; Segunda hipótese, há uma maioria anti-PPD, mas o JPP é o segundo mais votado. O PS aceita viabilizar um Governo que, para passar no parlamento regional, tenha o apoio do Chega, qualquer que seja a fórmula?
Qualquer eleitor socialista, ao votar, tem o direito a saber ANTES o que fará o PS após as eleições.
5. Se dessa maioria anti-PPD fizer parte o Chega e o PS aceitar esse apoio num governo de que faça parte, tem de o dizer já, para que os democrata saibam o que fazer; caso o PS não aceite, tem de esclarecer se deixa passar um Governo do partido mais votado. Caso não esclareça nem uma coisa nem outra, então o PS vai lançar, de novo, o caos e a instabilidade.
6. Faça jus ao slogan e diga-nos: como é que nos garante ESTABILIDADE E COMPROMISSO? Diga, mas diga-o agora. E é simples: o PS tem de garantir que só fará maioria de governo alternativa ao PSD com partidos que respeitem o espírito do texto constitucional, nomeadamente o PS, o BE, o PCP, o PAN, a IL, o CDS e outros partidos e figuras democráticas que aceitem integrar essa maioria alternativa.
7. Caso não esclareça os eleitores, com caráter de Urgência, o PS corre dois riscos: que os setores à sua esquerda o acusem de pactuar com a Extrema-Direita; ver o PSD enveredar pelo apelo ao voto útil em nome da estabilidade governativa, dos valores constitucionais da Democracia e da Autonomia e da ultrapassagem da crise orçamental. Seria uma ironia que o PS não estivesse preparado para resolver o desafio ao fim de 50 anos e se deixasse enredar nos fios de Ariadne.
Miguel Fonseca