Será apenas populismo? Penso que não

O crescimento exponencial do partido Chega que apenas em cinco anos subiu de um deputado para doze e finalmente para 50 deputados, tem sido objecto de vários debates e análises de politólogos e comentadores chegando à conclusão quase unânime de se tratar de um fenómeno de populismo que atravessa a Europa e os EUA. Embora de acordo, tenho verificado que para além das linhas vermelhas que os outros partidos estabeleceram, o que se entende em lutas partidárias, já não tanto em órgãos de informação que também alinharam neste procedimento principalmente em estações de televisão esquecendo-se que há muitas pessoas que sendo contra discriminações, procuram compensar da maneira que puderem, neste caso com o voto. Para não me alongar, três ou quatro casos em programas que sigo. O antigo “O último apaga a luz”, “O outro lado”, o “Eixo do mal”, e “Isto é gozar com quem trabalha”, nos dois primeiros com a agravante de ser do operador de serviço público e por isso pago por todos nós. Nos três primeiros contamos com um painel fixo de quatro comentadores conectados com partidos desde a extrema esquerda, a partidos do centro/direita, chegando-se ao desplante de nos dois últimos o “O outro lado” terem tido a presença extra de comentadores do PS e do PSD. Quanto ao programa de RAP, permitam-me que pormenoriza dois sketches do último programa que começou com o caso do insulto que a deputada invisual do PS foi vítima duma acusação infame da deputada do Chega. Na minha opinião, a deficiência da deputada Ana Sofia não devia ter servido para um programa humorístico. Mas se a ideia de RAP foi ridicularizar a infratora, como hei de classificar o sketche em que o humorista se aproveitou de um ataque de tosse que um deputado do Chega teve numa Comissão Parlamentar parodiando estar com tuberculose, chamando-lhe, para todos os efeitos, tuberculoso? Quantos votos terá ganho o Chega com esta inqualificável paródia? Senhores das televisões. Deixem as linhas vermelhas para os partidos e lembram-se que o povo é sempre por que é discriminado.

Jorge Morais