Técnicas e hábitos destrutivos e as promessas do Natal

As leituras do Advento apresentam alguns instrumentos e hábitos destrutivos da saúde, vida e capacidades de ser livre e de amar o próximo. As pessoas suas vítimas põem a prática da fé cristã coerente e a vida batismal em lista de espera. Por serem hábitos destrutivos quase merecem o nome de adições e drogas. As violências, guerras, mentira, violência, ódio, injustiças, escravização e tráfico de pessoas são ações tão antigas como a vida humana com nomes bíblicos e da ciência: indiferença sonolenta, “obras das trevas” e da noite, dependência de perda de liberdade, práticas sexuais compulsivas, insensibilidade moral, desatenção confusa e hábitos de mentir. A adição de entorpecentes e dependência das redes são das mais avassaladoras para jovens e adultos. Jesus, ao falar do tempo de Noé, usa a expressão de “não dar por nada”, por distração e inconsciência insensata do que é importante para salvar a vida. A lucidez da mente e do coração está embotada ou apagada. “Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e “não deram por nada”, “até que veio o dilúvio, que a todos levou” (Mt 24, 37-44). Estes estados de espírito de lucidez da mente e do coração, embotados podem acontecer antes de calamidades semelhantes. S. Paulo, não lhes chamou “drogas”, mas atribui-lhes efeitos semelhantes a viver sem liberdade nem lucidez devido a “comezainas, excessos de bebidas, devassidões e libertinagens” de prazeres insaciáveis (cf. Rom 13, 11-14).

E hoje, que produtos mortíferos se fabricam, traficam, usam e consomem? Armas, produtos aditivos e abusos de pessoas-coisas. São abusos, consumos e tráficos destruidores. Este anti-Natal atingiu armas de guerra e morte, cada vez mais elaboradas, “inteligentes”, rápidas e eficazes para destruir a “casa comum” e as pessoas. Os consumos de substâncias e o uso de máquinas inebriantes, e aditivas tornaram-se armas de matar pessoas por gangues que invadem países pelas trevas da noite com grandes meios do dinheiro, técnica e droga. Nem se esquecem os efeitos aditivos, a despersonalização entorpecedora do uso das drogas, do dinheiro “sujo”, do tráfico de pessoas como coisas, do sexo devasso compulsivo. As redes sociais, infelizmente também funcionam como meios de manipulação ao serviço destes processos escravizantes de lutas de poder. Quem ganha e quem perde com o tráfico de armas, das drogas, da publicidade de excessos de comezainas, bebidas, uso de redes e tráfico de pessoas?

O Advento é, porém, tempo de promessas na promoção da vida humana e de esperança cristã. Nem haverá outra a não ser a cristã. Será que a esperança está morta? O Advento e o Natal de Cristo está aí para reafirmar que a esperança cristã está cada vez mais viva e atuante. Nem se vê outra fonte de esperança. Cristo é o Único Salvador de todos os náufragos de todos os tempos.

As promessas que a Bíblia chama messiânicas para serem cumpridas com a vinda de Jesus, o Ungido, começaram a ser proclamadas e registadas em tempos antigos e continuarão a ser até à sua segunda vinda. Do tempo de Isaías, cerca de 700 anos antes de Cristo, são prometidos tempos de vida em paz e convívio harmonioso de povos. As espadas serão usadas para relhas de arados e as lanças para foices; aquelas para semear e estas para colher os frutos (cf. Is 2, 1-5). Numa palavra, em vez de armas de guerras destruidoras haverá ferramentas para produzir e saciar com alimentos de vida. Em vez de armas de guerras destruidoras, de substâncias, de bebidas e redes de alienação e de tráfico de pessoas, haverá ferramentas para produzir e saciar com alimentos, haverá esperança de vida, amor, reconciliação e liberdade interior e exterior para os vigilantes que erguerem as suas cabeças e se acolham no coração Jesus que vem (cf. Lc 21, 28). «Jesus exultou de alegria pela ação do Espírito Santo e disse: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos» (cf. Lc 10, 21-24). Natal continua a ser esta revelação. Na Igreja, os vigilantes, unidos ao Menino-Divino, são sementes a emergir em frutos, sinais visíveis para mais pessoas abandonarem o número dos que “não dão por nada”.

Aires Gameiro