A vacina contra a gripe confere protecção a todas as estirpes?
Com a chegada dos meses mais frios, aumentam os casos de gripe, uma infecção viral que pode ter consequências graves, especialmente para os grupos de risco. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção, ajudando a proteger não apenas quem se vacina, mas também aqueles ao seu redor. E todos os anos acontece o mesmo ritual. O frio instala-se, os centros de saúde enchem-se e a vacinação contra a gripe volta ao centro da conversa pública. A mensagem é repetida com insistência: vacinar é prevenir. Vacinar é proteger. Vacinar é reduzir riscos.
Mas, por baixo dessa certeza aparente, há uma pergunta que é formulada de forma directa e que, quando surge, gera desconforto: se a vacina protege, porque é que há pessoas vacinadas que continuam a apanhar gripe?
A dúvida não nasce do acaso. Nasce de relatos próximos. De casos conhecidos. De idosos vacinados que acabam internados. De adultos saudáveis que, apesar da vacina, passam dias com febre, tosse e dores no corpo. E é aí que surge a desconfiança silenciosa: estará a vacina a falhar?
Para perceber a questão, é preciso recuar ao próprio vírus. A gripe não é provocada por um agente único e imutável. É causada por vírus Influenza que se transformam constantemente. Pequenas alterações genéticas, quase imperceptíveis, permitem-lhes escapar às defesas criadas em anos anteriores. É um jogo de adaptação contínua, em que o vírus raramente se repete exactamente da mesma forma.
É por isso que a vacina da gripe não é igual todos os anos. Nem podia ser. Muito antes do inverno chegar, laboratórios e organismos internacionais analisam quais as estirpes que estão a circular noutras regiões do mundo, quais parecem ganhar força e quais têm maior probabilidade de se tornarem dominantes na época seguinte. Com base nesses dados, faz-se uma escolha.
A vacina não é construída para abranger todos os vírus Influenza existentes. Nem todos os que circulam. Nem todos os que podem surgir. Inclui apenas um número limitado de estirpes, aquelas que, segundo a melhor evidência disponível, são consideradas as mais prováveis. É uma previsão científica, não uma garantia absoluta.
Quando uma pessoa vacinada adoece, isso não significa, necessariamente, que a vacina não tenha funcionado. Pode significar que o vírus responsável pela infecção não fazia parte da formulação daquele ano. Pode também significar que a resposta imunitária foi menos eficaz, algo mais frequente em pessoas idosas ou com doenças crónicas.
Ainda assim, mesmo nesses casos, os dados mostram que a vacinação reduz a gravidade da doença, o risco de complicações e a probabilidade de internamento. Um efeito menos visível, mas clinicamente relevante.
A própria Direção-Geral da Saúde tem sido clara ao afirmar que a vacina sazonal é ajustada todos os anos às estirpes mais prováveis e que a sua eficácia depende do grau de correspondência entre essas estirpes e as que efectivamente circulam.
O vírus Influenza é um vírus respiratório que causa a gripe, existindo os tipos A, B, C e D, sendo A e B responsáveis pelas epidemias sazonais, com o tipo A gerando pandemias e mutações mais rápidas (subtipos H1N1, H3N2), e o tipo B causando surtos mais localizados; o tipo C causa infeções leves, e o D afeta mais o gado. Existem muitas estirpes (subtipos) dentro dos tipos A e B, classificadas por proteínas de superfície (H e N), como os conhecidos H1N1 e H3N2.
Por cá, no âmbito da época de Gripe 2025/2026, a Direcção Regional da Saúde (DRS) emana a presente circular, que define os referenciais normativos e as recomendações inerentes à Vacinação contra a Gripe na Região Autónoma da Madeira (RAM), adaptando a norma nP 0912025 de0910912025, da DGS. Nesta época mantêm-se os objectivos da campanha de vacinação gratuita contra a gripe, designadamente, a maior protecção das populações mais vulneráveis, com risco acrescido de doença grave e das suas complicações, assim como a mitigação do impacto da gripe no Sistema Regional de Saúde e na sociedade. Se pretender consultar saiba mais aqui