Coleção 'Epopeias Madeirenses' estreia-se no Funchal com apresentação de 'Insulana'
O primeiro volume da coleção 'Epopeias Madeirenses – Obras Completas', 'Insulana', da autoria de Manuel Tomás, é apresentado esta sexta-feira, 12 de Dezembro, no Funchal, após a estreia pública no passado mês de Outubro no Festival Literário Internacional de Óbidos. A sessão decorre às 17 horas no Centro de Estudos de História do Atlântico – Alberto Vieira e conta com a participação de José Eduardo Franco e José Carlos Seabra Pereira, académicos ligados ao estudo da literatura e da cultura portuguesas.
O projecto editorial, conduzido pelo Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes, é apoiado pelo Governo Regional, através da Secretaria Regional de Turismo, Ambiente e Cultura. A coleção reúne 11 obras consideradas património regional e nacional, incluindo três títulos inéditos, produzidos entre 1635 e 1921. Segundo os responsáveis, estas obras evocam “os particularismos da paisagem e da história de humanização da Ilha em confronto com a história de Portugal”, dialogando com a tradição clássica da epopeia, marcada pela influência de 'Os Lusíadas'.
Sobre 'Insulana', destaca-se que Manuel Tomás narra “o descobrimento oficial da ilha da Madeira pelo capitão João Gonçalves Zarco (1419)”, entretecendo episódios históricos, lendários e referências literárias da Antiguidade. O poema articula “o universalismo do humanismo renascentista” com elementos da cultura cristã barroca, apresentando a Madeira como um espaço de “perene amenidade e abundância”.
O apoio governamental visa assegurar a edição criticamente anotada de todo o ciclo épico madeirense, incluindo obras como 'Zargueida, Georgeida', 'Nova Lusíada', 'Guianeida', 'Lusa Epopeia' e 'Além-Mar'.
O secretário regional de Turismo, Ambiente e Cultura, Eduardo Jesus, afirma que o Executivo reconheceu “a importância literária, científica e simbólica deste projecto” desde o início. “Mais do que um apoio financeiro, este compromisso representa uma visão estratégica para a cultura madeirense”, referiu, sublinhando que o Governo Regional “orgulha-se de ser parceiro nesta iniciativa”.
Para o governante, a decisão de apoiar a coleção constitui “um investimento cultural de longo alcance, não apenas na preservação do património literário, mas também na afirmação da identidade e da criatividade das ilhas atlânticas no quadro mais vasto da cultura portuguesa e europeia”. Eduardo Jesus acrescenta ainda que o projeto demonstra “que a cultura é um espaço de convergência e de construção coletiva”, defendendo uma Madeira que se projete “como destino de cultura, capaz de oferecer não só paisagem e hospitalidade, mas também pensamento, criação e memória”.