"A autonomia é importante para o conjunto do país"
António Filipe, candidato às Eleições Presidenciais, está a realizar uma visita oficial à Região
António Filipe, candidato às Eleições Presidenciais de 2026, encontra-se na Madeira para uma visita oficial, cumprindo uma agenda que inclui reuniões institucionais e de contacto à população.
O programa para os próximos dois dias começou esta segunda-feira, pelas 12 horas, com a apresentação de cumprimentos à presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Rubina Leal, no edifício do parlamento regional. Aos jornalistas, o candidato referiu que não se opõe a uma cerimónia em Portugal continental para assinalar os 50 anos de autonomia da Região Autónoma da Madeira no próximo ano.
Não tenho nada contra isso porque a autonomia é importante para o conjunto do país. É fundamental para as regiões autónomas, mas é uma aquisição importante do país. Da minha parte não teria nenhuma oposição". António Filipe, candidato às Eleições Presidenciais de 2026
A vinda à Madeira, além do contacto formal com a presidente do parlamento madeirense e com o representante da República para a Região Autónoma da Madeira, Ireneu Barreto, contará esta tarde com a participação numa sessão pública no auditório da Universidade da Madeira, localizado no Edifício do Colégio dos Jesuítas.
"Vamos ter a oportunidade de ter contactos com outros apoiantes, contactos de rua com a população do Funchal, com a união dos sindicatos, com trabalhadores do município. [...] O fundamental da visita serão os contactos que terei oportunidade de fazer com as pessoas que trabalham e que vivem na Região Autónoma da Madeira", informou António Filipe, explicando que regressará amanhã à noite ao continente.
O candidato presidencial afirma que espera uma boa receptividade à sua candidatura na Região: "Mantive quando fui deputado à Assembleia da República uma ligação que procurei ser estreita relativamente à região autónoma, participei em inúmeras discussões parlamentares relacionadas à região autónoma desde o Estatuto Político Administrativo às sucessivas versões da Lei das Finanças Regionais. Tive a oportunidade de participar nessa discussão, enquanto membro da Comissão Parlamentar da Assembleia da República, e fi-lo sempre com uma grande compreensão relativamente à importância da autonomia, inclusivamente na revisão constitucional de 2004, em que houve um aprofundamento da autonomia das regiões autónomas, participei muito empenhadamente nesse processo", disse.
Acrescenta que se essa revisão tivesse sido circunscrita à questão das regiões, "teria votado favoravelmente essa revisão constitucional. Só que depois houve outras matérias, desigualmente a nível europeu, que levou a que o voto fosse contrário, mas no que se refere ao aprofundamento da autonomia das regiões, a revisão constitucional de 2004 foi importante, significou um processo importante, e aliás com aspectos que ainda estão por concretizar."
No seu entender, uma das maiores conquistas da democracia portuguesa foi a autonomia das regiões autónomas, "independentemente do juízo que se faça sobre a composição dos governos das regiões, eu creio que a autonomia é um bem em si próprio para as regiões e para o conjunto do país, para a coesão nacional".
Alega que a sua relação com a Região Autónoma da Madeira "vem de longe e tem sido uma relação muito profícua".
No que concerne às preocupações que lhe tem sido transmitidas dá conta que existem "problemas sociais não resolvidos", nomeadamente baixos salários, precariedade laboral e "temos um país com uma economia muito assente em sectores que pagam baixos salários", exemplificando que, na Região Autónoma da Madeira, o sector do turismo "vive na base de salários baixos".
"A economia portuguesa não se desenvolve se continuar a aceitar uma economia de baixos salários. E isto arrasta a outros problemas, a falta de acesso à habitação, devido à especulação imobiliária as pessoas não têm dinheiro para aceder a uma habitação condigna com os salários que recebem. Isto para os jovens é particularmente dramático porque querem se autonomizar e não conseguem fazer, para além de termos défices em outras matérias sociais, como a saúde. Há uma grande insatisfação", menciona.
No seu entender, o Presidente da República deverá dar voz a estas situações para ajudar a soluccionar.
António Filipe é apoiado pelo PCP nesta candidatura. É uma das figuras da democracia que mais tempo serviu enquanto deputado e chegou a ser vice-presidente da Assembleia da República.