“Hoje já não somos obrigados a sair da ilha para estudar”
André Barreto pede mais liberdade responsável e elogia evolução académica da UMa
O presidente do Conselho Geral da Universidade da Madeira (UMa), André Barreto, deixou uma mensagem marcada por nostalgia, realismo e apelo à responsabilidade na sessão solene de abertura do ano académico 2025/2026, que decorre esta tarde, no Colégio dos Jesuítas.
Ao recordar a sua saída da Madeira aos 18 anos para estudar em Lisboa, o presidente destacou o quão transformadora foi a criação da UMa e o alargamento da oferta académica na Região. “Percebo o drama de muitos pais e filhos de então”, afirmou, sublinhando a importância de hoje ser possível estudar na Madeira com qualidade.
Ao dirigir-se aos estudantes, recuperou a célebre expressão de Sérgio Godinho, “hoje é o primeiro dia do resto das vossas vidas”, para reforçar o peso deste momento. Pediu que sejam “esponjas da sabedoria” e lembrou que frequentar o ensino superior “ainda é um privilégio”, num país onde cerca de 20% da população vive com rendimentos abaixo do limiar da pobreza.
O presidente do conselho geral defendeu que tirar um curso é “abrir horizontes” e garantir liberdade de escolha no futuro, alertando para os riscos de decisões baseadas apenas no aparente pleno emprego. “A economia funciona por ciclos, tirar um curso é abrir horizontes, é ganhar a possibilidade de fazer escolhas, é condicionar o nosso futuro pela positiva”, salientou.
Sobre a liberdade, afirmou que é um valor essencial, mas exige responsabilidade. Defendeu que as universidades devem fomentar discussão, divergência e pensamento crítico, em vez de formatarem os estudantes. Criticou, também, uma crescente tendência para olhar o mercado de trabalho apenas como fonte de direitos a exigir, esquecendo projetos, valores e responsabilidade.
André Barreto abordou, ainda, o papel da Inteligência Artificial na academia, defendendo o seu uso ético e informado. “Não pode ser vista como forma inovadora de cabular mas como um acesso a informação útil, rápida e, em muitas situações, bastante eficaz, mas que exige saber e ética na sua utilização, por parte de alunos e de professores”, afirmou.
Ao terminar a sua intervenção, apelou à valorização do caminho feito pela UMa, reforçando a necessidade de recursos que permitam consolidar o seu papel enquanto motor de mobilidade social da Região. “Hoje já não somos obrigados a sair da Ilha para estudar”, destacou.