O que comemos hoje em dia
Vivemos num tempo em que a comida parece abundante, mas a verdade é que andamos a comer cada vez pior. Não por falta de opções, mas porque aquilo que aparece à frente é quase sempre o mais rápido, o mais barato e, infelizmente, o pior para a nossa saúde.
Antigamente, comia-se simples: legumes da horta, fruta da época, peixe fresco, carne criada sem pressa. Hoje, os corredores dos supermercados estão cheios de embalagens coloridas, carregadas de açúcares, farinhas refinadas, óleos baratos e aditivos que ninguém sabe pronunciar. A comida passou a ser uma indústria, e o nosso corpo paga a conta.
É curioso: nunca houve tanta “informação sobre saúde”, mas raramente se fala do essencial. Fala-se em calorias, dietas da moda, produtos milagrosos… e esquece-se que o ser humano sempre se deu melhor com comida verdadeira, aquela que a avó reconheceria sem pestanejar.
O problema maior é a conveniência. Estamos cansados, com pressa, e o mundo moderno vive de atalhos. Abre-se um pacote, aquece-se uma caixa, encomenda-se algo que nem sabemos bem como foi feito. A barriga pode encher, mas o corpo fica vazio do que realmente precisa: nutrientes.
E depois admiramo-nos, cansaço, inflamação, digestões pesadas, colesterol a subir, falta de energia, pouca libido, ansiedade. Não é azar. É combustível fraco.
A verdade é esta: não precisamos de complicar. Voltar ao básico funciona. Legumes, fruta, peixe, ovos, sementes, frutos secos, azeite. Água, chás simples, menos açúcar e menos farinha. Mais panela, menos pacote.
Não é romantizar o passado, é reconhecer que muitas coisas eram feitas de forma mais sensata. E talvez esteja na altura de recuperarmos um pouco dessa sabedoria. Comer como gente, não como produto da prateleira.
O caminho é fácil de dizer e mais difícil de seguir, mas uma coisa é certa: o corpo agradece sempre que nos lembramos de o alimentar com comida de verdade.
António Rosa Santos