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Fact Check Madeira

Tem a Madeira a mais baixa taxa de desemprego do País?

Taca de desemprego tem oscilado na Madeira
Taca de desemprego tem oscilado na Madeira, foto Miguel Espada/ASPRESS/Arquivo

A análise do desemprego, na Madeira ou no País, pode incidir em diferente indicadores, de que se destacam o desemprego registado (nos centros de emprego) e os números fornecidos pelas entidades estatísticas (INE – Instituto Nacional de Estatística – e DREM – Direcção Regional de Estatística da Madeira). Estes últimos são estabelecidos em cálculos matemáticos, a partir de inquéritos realizados, nomeadamente, ao tecido empresarial.

Trimestralmente, são divulgados dados para os três meses anteriores e, anualmente, para todo o ano. Quando isso acontece, na Madeira, as entidades governamentais tendem a afirmar que a Região tem o mais baixo desemprego do País (como Albuquerque o fez em campanha) ou que há uma descida “sólida e constante”, nas palavras da secretária com a tutela do emprego, em Agosto deste ano.

Terão razão as pessoas que afirmam que a Madeira tem o mais baixo desemprego e que existe um decréscimo sólido e consistente?

A análise à realidade, que nos permitirá avaliar a veracidade das afirmações, será feita com recurso aos dados estatísticos divulgados pelo INE, que incluem a informação fornecida pela DREM, dos últimos dez trimestres, o que compreende o período do primeiro trimestre de 2023 ao segundo de 2025. Também veremos, como um todo, os anos de 2023 e de 2024.

A análise será feita em taxa e não em número de desempregados, por ser o indicador que permite comparar regiões com diferentes dimensões populacionais, em particular, população em idade activa.

Se nos detivermos nos últimos dados constantes no INE – segundo trimestre deste ano, verificamos que a Madeira registou uma taxa de 4,8%. Esse número coloca-a como a terceira melhor região do País, atrás dos Açores e do Algarve.

No primeiro trimestre de 2025, a Madeira registou 6,7% de desemprego e viu em melhor posição do que a sua, as regiões Centro, Açores, Alentejo e Oeste e Vale do Tejo.

Nos períodos em análise, houve um trimestre em que a Madeira foi, de facto, uma das regiões do País com a mais baixa taxa de desemprego. Foi no segundo trimestre de 2024. Nesses três meses, a Região contabilizou 5,2% de desemprego, uma taxa igual à do Alentejo e da Região Centro.

Exceptuando esse trimestre, a Madeira nunca regista a mais baixa taxa de desemprego e, apesar de em 8 dos 10 trimestre em análise se situar abaixo da taxa média do País, há dois trimestres em que está acima. O primeiro foi composto pelos segundos três meses de 2023. Nesse período, a Madeira contabilizou 6,4% de desempregados e o País na sua globalidade 6,1%.

O segundo trimestre em que a Madeira registou uma taxa de desemprego superior à do País foi já em 2025. Nos primeiros três meses deste ano, a taxa na Madeira foi de 6,7% e a média nacional ficou-se pelos 6,6%.

As taxas trimestrais são mais expostas às variações específicas de cada região e à sua economia. Por isso, impõe-se, igualmente, atenção à taxa anual.

Em 2023, a Madeira registou 6,0% de taxa de desemprego. Com uma taxa menor situaram-se as regiões Centro, Oeste e Vale do Tejo, Algarve e Alentejo.

Já em 2024, a posição alcançada pela Madeira foi bem mais airosa e ao encontro das afirmações públicas. Com 5,6% de desemprego, a Madeira foi uma das duas regiões a se colocarem como as de mais baixo desemprego. A outra foi os Açores.

Como se verifica, não se pode afirmar que a Madeira tem a mais baixa taxa de desemprego do País. Na melhor das hipóteses, poder-se-ia dizer que em 2024 foi uma das regiões nessa situação. Além disso, como se viu, em termos trimestrais, em 2025, a Madeira tem estado muito longe desse lugar no pódio.

Além disso, a dois anos, apesar de haver uma tendência de decréscimo, ela não tem sido consistente. A série das percentagens não é uma descida consistente, pois há vários períodos de subida (4T-2023, 3T-2024, 1T-2025). Apresenta um comportamento volátil com quedas e recuperações sucessivas.

A tendência geral de longo prazo (2023→2025) é ligeiramente descendente (de 6,4 % para 4,8 %), mas não linear nem contínua.

Pelo exposto, avaliamos as afirmações como falsas. A Madeira não foi ‘a’ região com menor desemprego, foi, em 2024, ‘uma das’. Quanto aos trimestres, matematicamente, não se pode afirmar que há uma descida consistente. Pode dizer-se apenas que existe uma tendência global ligeiramente descendente, mas interrompida por flutuações relevantes.

A Região tem a mais baixa taxa de desemprego do País, o que resulta de um decréscimo consistente – Síntese das declarações de governantes regionais