Excelentíssimo Diretor Clínico do SESARAM

No pretérito dia 4 do corrente mês e ano, cerca das 16H45, meu pai, Leonel Alves de Sousa, presentemente com 78 anos de idade, padecedor de doença oncológica há já vários anos, deu entrada no serviço de urgência do Hospital Drº Nélio Mendonça, motivado por uma infeção pulmonar. O utente, notoriamente, apresentava-se especialmente vulnerável/debilitado.

O meu familiar, há já muito tempo que praticamente não fala, isto, resultante do historial clínico.

Aquando da entrada no serviço de urgência, na altura, acompanhado de uma das suas filhas, foi triado, e depois, encaminhado para a avaliação clínica por parte de um profissional de saúde (nesta intervenção, disseram à familiar que iriam sujeitá-lo a análises de sangue, Raio X e, aspiração). A partir desta fase, a familiar foi dispensada do respetivo acompanhamento, sendo elucidada a deslocar-se para a sala de apoio ao utente, e ali aguardar.

A filha, na sala de espera, relativo à evolução clinica do familiar, cerca das 19H30, sensivelmente, recebeu a informação que o mesmo havia tido alta médica.

Deste modo, e já resultante da alta médica, e pelo facto de revelar-se extremamente difícil transportá-lo para a respetiva residência, através dos serviços respetivos, requisitou-se o transporte, o que foi providenciado.

Senhor Diretor, até aqui parece que tudo está dentro da normalidade, não fosse o caso da família em momento algum ter sido informada do resultado do então diagnosticado através dos exames a que foi sujeito, e muito menos, não recebemos informação nenhuma relativo à forma de como proceder. Fizeram chegar ás mãos da minha irmã, um manuscrito, com instruções para serem submetidas ao doente do tipo: “Brometro de Ipatróoio, 4 puffs de 8/8h 4 dias; Beclometasona, 2 puffs de 12/12h 4 dias, Albutamol”, outra série de puffs….

Senhor Diretor, ninguém se dignou em informar-nos de como proceder com a terapia anteriormente identificada.

Senhor Diretor Clínico, a família, até cerca das 22H45, permaneceu na residência aguardando a chegada do familiar, tal como seria suposto acontecer, através do serviço de transporte então requisitado, mas tal não aconteceu. Ora, estupefactos com tal demora, e falta de informação, estabeleceu-se contato telefónico para o hospital, e indagou-se da razão pela qual ainda não haviam trazido o nosso familiar. Em resposta, transmitiram-nos que o serviço de transporte dos utentes que ainda decorria, terminava ás 23H00, e que o nosso pai não iria para casa naquele dia, mas sim no dia seguinte, pela manhã. Não fosse o contacto que fizemos para a referida unidade de saúde, ninguém nos iria informar que o nosso pai não seria transportado para casa naquele dia.

No seguimento disto, e já durante a manhã de hoje (5MAIO2024), realizaram o transporte do nosso familiar para casa. Indagamo-lo se haviam dado algo para comer enquanto permaneceu no hospital, abanou a cabeça, transmitindo-nos que não haviam dado. Na nossa intervenção presencial com o nosso pai, aquando da chegada à residência, viu-se ao menos que lhe haviam mudado a fralda.

Senhor Diretor Clínico, senhores médicos, senhores enfermeiros, o meu pai, aparentemente, apresenta-se um velhinho, tal como muitos outros velhinhos que diariamente têm necessidade de recorrer ao nosso serviço de saúde. Esses velhinhos que aí chegam foram os novos que no passado em muito contribuíram para a evolução da nossa Região Autónoma da Madeira. Mais do que nós, são eles os maiores merecedores da maior dignidade e respeito no trato, eles já tiveram uma vida árdua.

Os senhores não se esqueçam, que atrás dos velhinhos por vós atendidos, estão os filhos, tal como é o meu caso, e que não hesitarei através desta ferramenta que o diário de noticias nos presenteia, de fazer chegar ao conhecimento público uma critica ou um elogio relativo ao nosso serviço de saúde.

Não façam aos “anónimos”, aquilo que não querem para os vossos familiares.

Lino José Vieira de Sousa