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UE prepara missão de observação para presidenciais na Venezuela

Maria Corina Machado, líder da oposição, cumprimenta eleitores durante uma campanha em Maracaibo. 
Maria Corina Machado, líder da oposição, cumprimenta eleitores durante uma campanha em Maracaibo. , Foto Henry Chirinos/EPA

A União Europeia (UE) está a preparar uma missão de observação para as presidenciais de 28 de julho na Venezuela, anunciou a chefe da delegação europeia naquele país.

"Estamos à disposição para colocar todos os recursos necessários à disposição para promover a implementação do acordo de Barbados", disse Rachel Roumet durante as celebrações do Dia da Europa, que tiveram lugar na noite de sexta-feira (madrugada de hoje em Portugal), na residência oficial da República Checa, em Caracas.

Sobre este dia, Rachel Roumet começou a intervenção a recordar que, todos os anos, a UE comemora a declaração do então ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Robert Schuman, a 09 de maio de 1950, e que lançou o projeto europeu.

"Sobre essa base se construíram obras que nem os fundadores teriam acreditado ser possível. De seis países passámos, passo a passo, para 27. Abolimos as fronteiras entre os nossos territórios, temos uma moeda comum, temos uma política externa e de segurança comum e temos muitas regras", disse.

Com o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia numa mão, explicou que era o que fazia falta "para passar de um continente minado por um conflito interno mortífero, sem precedentes, a Segunda Guerra Mundial, para uma integração de Estados".

 Rachel Roumet explicou que a Europa conheceu "várias vezes e ao longo de séculos, conflitos militares" internos.

"A polarização que a Venezuela viveu não tem comparação com o que fizemos uns aos outros na Europa no passado", frisou.

"Com esta história, é inevitável que apoiemos o processo de negociação que conduziu ao acordo de Barbados, porque estamos convencidos, na nossa própria carne, da construção europeia, que as negociações e os pactos são a base e a condição de toda a coexistência política pacífica", disse.

A chefe da delegação da UE citou a visão de Robert Schuman na declaração de maio de 1950, de que "a Europa não se constrói de uma só vez, que se fará graças a realizações concretas".

"Atrevo-me a dizer hoje que o trabalho conjunto entre a UE, os seus estados-membros e a Venezuela segue os ideais de Schuman. Porque estamos a dar passos concretos, incluindo passos para preparar uma missão de observação eleitoral para as eleições de 28 de julho na Venezuela. Em termos concretos, estamos a traçar um caminho de cooperação e de relações construtivas e frutuosas", disse.

Explicou ainda que o lema da UE é "unidade na diversidade", mas "há algumas coisas que não são negociáveis", como valores como paz democracia e direitos humanos.

"A diversidade é também paz. Se aceitarmos as diferenças, não podemos estar em conflito. Hoje em dia, infelizmente, ainda existem demasiados conflitos no mundo, incluindo uma guerra de agressão russa contra a Ucrânia e conflitos no Médio Oriente. Não podemos esquecer a gravidade do sofrimento humano em todos estes conflitos. A diplomacia e a paz devem prevalecer", disse.

Em 17 de outubro de 2023, o Governo venezuelano e a opositora Plataforma Unitária Democrática assinaram, em Barbados, um acordo sobre a promoção de direitos políticos e garantias eleitorais para todos, com vista às presidenciais de 2024.

No texto, as delegações afirmam o compromisso com o fortalecimento de uma democracia inclusiva e uma cultura de tolerância e convivência política.

Em 07 de março de 2024, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela anunciou que convidou a União Europeia, a ONU e o Centro Carter, entre outros, para enviarem missões de observação para as eleições presidenciais de 28 de julho.