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Lições de Autonomia

Cumpriu-se abril, um pouco por todo o país, no 50.º aniversário da data mais marcante da democracia portuguesa.

Foi notável, assistir ao entusiasmo dos festejos desse dia histórico e à importância da comemoração da Revolução dos Cravos e de tudo o que a mesma significou para a nossa democracia e para a nossa liberdade.

Em todo o lado, foram inúmeras as manifestações e as celebrações que nos recordaram essa importante conquista.

Desde manifestações espontâneas, a sessões solenes, a concertos com seiscentos participantes, praticamente ninguém ficou indiferente à relevância histórica do momento e à necessidade de continuar a lutar pela liberdade e pelos valores de abril.

Mas falar de abril, é também falar da importante conquista da Autonomia Política, para os povos insulares da Madeira e dos Açores.

Destaco por isso, a oportunidade e o mérito da sessão comemorativa dos 50 anos do 25 de abril, da Câmara Municipal de Ponta Delgada, que juntou numa mesa-redonda, no Centro Natália Correia, os dois principais protagonistas da construção do Portugal insular, o Dr. Alberto João Jardim e o Dr. João Bosco Mota Amaral.

Este encontro, da iniciativa do Presidente da maior edilidade açoriana, Dr. Pedro Nascimento Cabral pode ser visto na RTP Açores.

Não há melhor forma de celebrar abril e a conquista da autonomia do que ouvir na “primeira pessoa” os seus principais intervenientes e aprender com os “melhores”.

São muitas as lições de Autonomia a reter. A primeira, é a de que nada está garantido e apesar do enorme salto qualitativo dos madeirenses e dos açorianos ainda há um longo caminho a percorrer.

A autonomia é progressiva e as exigências da sociedade são cada vez maiores, exigindo políticos à altura dos novos desafios para continuar a proporcionar melhores condições de vida à população insular.

A segunda, é a de que o centralismo nunca dorme e que temos de estar sempre vigilantes e atentos a tentativas de limitação dos nossos direitos, como a que recentemente ocorreu com a proposta socialista de alteração da lei do mar.

Por fim, não podemos desistir do aprofundamento da nossa Autonomia, e de voltar a apresentar o nosso caderno reivindicativo na próxima revisão constitucional e de exigir um sistema fiscal próprio e a revisão da lei das finanças regionais.

É preciso continuar o legado de abril e da autonomia.

50 anos depois do 25 de abril, ainda há muito por fazer para melhorar a qualidade de vida das pessoas, para melhorar o acesso destas à habitação, à saúde, ao emprego e a um salário justo.

Ainda há muita desigualdade social a combater.

Há todo um Portugal sonhado por Francisco Sá Carneiro que ainda está por acontecer!