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Nos 50 anos do 25 de Abril

Tenho esperança que o povo entenda o que se passou e que compreenda que é necessário mudar

Faz hoje 50 anos que, pela madrugada fui violentamente acordado pelo telefone. Era o meu irmão que na altura estudava em Lisboa a me dar a boa nova da existência de uma revolução, mas que não sabia o sinal: de esquerda ou de extrema direita. Os militares estavam na rua. De imediato corri para o rádio, mas infelizmente não dava nada. Tive que aguardar por novo telefonema para saber qual o lado dos revoltosos. Foi uma explosão de alegria quando o segundo telefonema me anunciou o sentido a revolução. Era uma alegria, mas tinha que ir trabalhar para a freguesia do Campanário, pois tinha uma certa quantidade de proprietários, chamados por mim para o Salão Paroquial, gentilmente cedido pelo Pároco. Antes de começar o meu trabalho, dei a boa nova ao Padre Domingos que de imediato se agarrou ao rádio ávido por mais notícias…

Foi assim que tive conhecimento de um dos dias mais felizes da minha vida: Tinha caído o regime fascista de Salazar e Marcelo Caetano. Não vou descrever o que se passou depois porque é do conhecimento da nossa população.

Foram surgindo os diferentes Partidos Políticos, tendo como líderes Mário Soares e Álvaro Cunhal, respetivamente do Partido Socialista e do Partido Comunista. Pela minha parte aderi ao PS, que ajudei a fundar, na Madeira, no dia 05 de Junho de 1974. Passado um ano houve eleições para a Assembleia Constituinte para a elaboração e aprovação e uma nova Constituição da República Portuguesa onde ficou consagrada as Autonomias dos Açores e da Madeira, por iniciativa do Partido Socialista.

Houve eleições Regionais, precisamente no mesmo dia em que foi eleito democraticamente o primeiro Presidente da República. Em Julho do mesmo ano, foram empossados os Deputados e em Outubro o primeiro Governo Regional, que desde a primeira hora instituiu uma Democracia Musculada com o consentimento dos diferentes Presidentes da República, até que se chegou ao momento atual com um Governo demissionário, com um presidente ARGUIDO e que exigiu a demissão imediata, recusando-se a aprovar o orçamento para 2024, até porque o Presidente da República não podia dissolver de imediato os órgãos próprios de Governo Regional, facto que aconteceu mais tarde com a marcação de novas eleições.

Entretanto o Governo e seu Presidente Arguido refugia-se na proteção que lhe é devida pelo facto de ser membro do Conselho de Estado e que se recusa a pedir a retirada da imunidade, continuando que nem uma lapa, agarrado ao poder. Diz-se inocente, como se pudesse ser Juiz em causa própria. Com esta atitude e com a recusa de aprovação do orçamento Regional para 2024, bloqueou toda a ação do Governo que passou a governar com duodécimos. O povo madeirense não pode beneficiar nem da baixa de impostos que se verificou a nível nacional, nem de novas obras, de novos concursos, devido a uma “breca” do menino mimado que presidia ao Governo Regional. Primeiro o seu interesse, depois o interesse do seu partido e depois, mais nada. E assim continuamos, sem que haja o tal pedido de retirada da imunidade, quer pelo próprio Miguel Albuquerque, quer pelo próprio Ministério Público. Curiosamente candidata-se novamente como se nada houvesse, fazendo lembrar os tempo “da Velha Senhora” que nos governou cerca de quarenta anos.

Tenho esperança que o povo entenda o que se passou e que compreenda que é necessário mudar e que o único Partido que tem hipóteses de lá chegar é o PS. Votar em Partidos que não têm hipótese de ser Governo, será o mesmo que votar no PPD, que entretanto brigou com os outros partidos que o apoiavam e que sozinhos, nada valem.

O PS é o único que tem uma equipa capaz de formar Governo e pelo que se viu no ultimo Congresso do PPD, com assobiadelas e tudo, não serão capazes de formar uma equipa coesa e com capacidade. Senhor Presidente, seja honesto, demita-se de uma vez com perda de imunidade e deixe a justiça trabalhar, não seja Juiz em causa própria, não se acobarde atrás dessa imunidade.