A política no seu melhor

Agora como está tudo mais calminho, mais sereno, a cabecinha dos nossos políticos lavadinha com a água-benta da Semana Santa, já podemos referir alguns episódios interessantes do antes e depois daqueles dias loucos da política no seu melhor.

Após os hilariantes episódios da nomeação para eleger o Sr. Presidente da Assembleia da República, a comédia continuou com entrevistas, comentários e opiniões de pessoas ligadas direta ou indiretamente à política.

Em parte, é bom que isto aconteça, sempre distraem as pessoas que ocupam grande parte do seu tempo a assistir estes programas “politiqueiros”, desde, evidentemente, que não levem a sério tudo o que ouvem e veem.

Vamos – com paciência - enumerar alguns desses episódios onde são protagonistas os tais homens e mulheres que devem ser (ou julgam ser) os entendidos na matéria, ou pior ainda, pensam estarem a falar para uma população lerda, ouvintes ou expetadores, suficientemente tolos para acreditarem em tudo aquilo que dizem.

Como se sabe, o novo governo mal se sentou na cadeira do Poder, já os elementos que o compunham eram julgados. Uns, pela sua presumível incapacidade para o cargo, outros, pela sua arrogância, pelo seu individualismo. Mas o mais engraçado que ouvimos é de que eles não tinham necessidade de pedir opiniões à ESQUERDA porque a DIREITA tinha 70% de deputados na Assembleia da República.

Ora essa DIREITA, para ter os tais 70% na Assembleia, tem que contar com o CHEGA, partido que, praticamente, toda a ESQUERDA exigiu de que a AD não se aliasse.

Sinceramente, pensamos que, esta gente, ou julga que a inteligência só está na sua cabeça, ou não se dá pela incoerência das suas afirmações.

- Outra afirmação engraçada. O PS, na sua” condição de partido responsável “(como foi dito) e para que a comédia da indigitação do novo Presidente da Assembleia da República não se prolongasse, arranjou uma notável saída para o impasse. E realmente arranjou, só que, exigindo que fosse um dos seus membros a liderar a Assembleia na segunda parte do mandato do governo.

Vamos ser honestos. Foi mais um “negócio político “do que esse tal “sentido responsável”.

Igualmente se ouve muito dizer que o PS criou as “bases” para a solução dos professores e outros problemas que não resolveu e que tem outras” ideias, modos e pensamentos “de futuro para o País. Acreditamos, só que foi pena que essas “bases, ideias, modos e pensamentos “só tivessem chegado agora, quando o partido está na Oposição, e não tivessem sido postos em prática nos últimos anos que foi governo.

- Também noutras declarações, o povo ouviu de que o Governo precisa de dialogar mais com os portugueses, pois na falta de diálogo é que está o crescimento do “populismo”.

É mesmo isso. O Povo de que mais precisa é de conversa (fiada) dos governantes. A corrupção que diariamente é exposta às pessoas, comportamentos de certos políticos no exercício das suas funções, a morosidade, confusão e mau desempenho da Justiça, os problemas na saúde, na habitação, a inflação, e vários outros atos da vida pública que prejudicam os portugueses, no seu dia a dia, não têm qualquer peso na insatisfação e, diríamos, na revolta íntima das pessoas e, consequentemente, com o crescimento do chamado “populismo”.

Haja Deus! É só mesmo de conversa que o povo precisa. Com ela, estão os problemas resolvidos e o povo vocacionado para (só) votar nos partidos do costume.

- Bom, oxalá que este novo governo faça “ouvidos de mercador” a tantas idiotices ditas por aí, procure consensos naquilo que for necessário, faça-os publicamente, para que o povo esteja a par, seja maleável nas situações que achar que deve ser, mas faça passar cá para fora a certeza de que quem manda no País é o governo – como lhe compete - e não a oposição.

Se não for possível governar, - o que pelo andar da carruagem não é difícil prever - tenha a hombridade de se demitir, não imitando os que, sob a capa do socialismo e da democracia, parecem ter vocações salazaristas, tentações de se agarrar eternamente ao PODER.

Juvenal Pereira